Por Ronaldo Rodrigues
O canal se estendia à minha frente. Toda manhã, ao abrir a janela, lá estava ele, num permanente desafio.

Sempre que se entrava na adolescência era o momento de se tentar a travessia. Antes disso, a vida se resumia em treinar. Meu cachorro Madrugada me acompanhava nos treinamentos e quando me senti preparado para realizar o feito, Madrugada se mostrou muito interessado em ir comigo:

Madrugada não entrou em acordo e, no dia da travessia, lá estava ele ao meu lado, recebendo os cumprimentos e as recomendações de toda a população.
Mergulhamos no canal e percorremos uma grande distância até Madrugada se afastar. Ele tomou a dianteira e eu o perdi de vista. Eu já estava exausto quando cheguei ao outro lado. Andei pela praia, em direção à fonte da juventude e a encontrei seca. Fui ao castelo e percebi que ele era de areia e se desmanchava com o sopro da minha respiração.
Saí procurando Madrugada e a menina de 300 anos. Só os vi quando olhei para o outro lado do canal, de onde eu havia saído. Lá estavam os dois passeando pela tarde, acenando para mim. Ao retribuir o aceno foi que reparei em minhas mãos se tornando flácidas, a pele e a carne se desmanchando igual ao castelo de areia, igual ao sonho de encontrar a juventude, igual a este conto e a tantas coisas que chegam ao fim.
Ronaldo não pára de escreve coisas assim!;Elton não pára de publicar coisas assim!
ResponderExcluirAog Rocha