Por Rebecca Braga
Quando criança o máximo que eu joguei foi Queimada. Mas eu era realmente ruim. Vivia no cemitério, o lugar pra onde vão aqueles que são "queimados" no jogo. Ou seja, leva-se uma bolada, quase sempre na cara. Passei a ficar só observando. Na bandeirinha eu também não me saía bem. Corria com medo de cair e por isso era lenta. Ficava de fora, olhando.
Na adolescência eu tentei jogar basquete. Na minha escola tinha um time feminino que era um sucesso e eu passei uns meses por lá. Mas um tornozelo frágil (fratura aos 9 anos, atropelamento) e a total inabilidade me deixaram na arquibancada.
Lembro que na escola tinha um povo que jogava RPG, mas juro, eu NUNCA entendi aquilo, também nunca joguei. Ao que me parece você interpreta personagens e faz de conta que vive em lugares fantásticos e tals. Bom, eu já fantasio demais na minha vida, talvez melhor mesmo seja manter os pés no chão.
Daí vieram aqueles jogos de tabuleiro. Dos mais simples, tipo Banco Imobiliário até os mais complexos como o War. Joguei pouquíssimo. War, pra ser sincera, joguei uma vez, achei sensacional, mas só. Xadrez eu sei os movimentos, mas nada além disso. Um movimento ou outro, mas de estratégia talvez eu só conheça aquelas pra flertar por aí.
Uma vez, numa partida histórica de Tabu, pelo menos seria se houvesse um campeonato desse jogo, eu e um amigo vencemos depois de acertamos 11 palavras seguidas, numa só virada de ampulheta. Tabu é aquele jogo que você precisa fazer seus companheiros de equipe descobrirem palavras dando dicas, e num tempo curto. É divertido, ainda hoje, vez ou outra eu jogo. Mas eu sou muito boa, as pessoas não gostam de jogar comigo. Ah, esqueci de dizer, também sou muito modesta.
Também gosto de Perfil. Uma vez acertei Chiquititas na primeira dica: Somos da Argentina. Claro que me rendeu muita zoação. Jogo de vez em quando com a molecada, lá de casa, mas eu perco de propósito.
Vídeo game? Nunca fui tarada e nunca entendi a tara dos moleques até começar a jogar Age of empires no computador. Um jogo onde você escolhe um povo pra dominar outros povos. Apesar de ser divertido, de me distrair por horas (digo, muitas horas) eu parei de jogar. Sei lá, essa coisa de colonizar o outro me deixa desconfortável.
Em tempos de redes sociais e celulares espertos eu canso das notificações de solicitação pra uns joguinhos de fazenda feliz, investigação, docinho que quebra, sei lá mais o quê. Mas não me incomoda tanto, eu só ignoro. Sempre vejo gente xingando nas redes que tá cansado de solicitações pra jogos. Ao que me parece, quando você envia solicitações pra jogos você ganha vidas, ou pontos, ou alguma coisa que o valha. E enche o saco essa coisa de joguinhos.
Tenho um amigo conhecido pela grandeza de coração ( e de outros tipos também) mas que não tem papas na língua. Fala mesmo, não conta até dois pra dizer umas verdades. Outro dia, apesar de conhecê-lo muito bem, me surpreendi com a chamada que deu numa "amiga" de facebook, ali mesmo na timeline, com menção e tudo.
"Ô, fulana de tal, para de me mandar essas solicitações jogo, por favor, agradecido!"
Transcrevo aqui do jeito que entendi. Achei polido, mas engraçado.
Ah, acho que a isso estava também condicionada a sua permanência na lista dos amigos. Uau!
Falei que ele estava se comportando como um doce. Pensei em mandar uma solicitação pra gente jogar Candy Crush. Depois achei melhor não, vai que ele desfaz a amizade.
É como dizem, sorte no jogo, azar no amor.
Para subverter a lógica das coisas, o que eu e ele fazemos com frequência, prefiro sorte para o jogo e amor para o amor.
Vai que eu jogo na loteria e ganho. Mas no fundo no fundo, pra mim, ganhar na loteria seria um amor desses de cinema. Quem sabe?
*A Rebecca escreveu isso após eu "ralhar" com uma amiga via Facebook, por conta dos chatos convites para jogar na rede socail. Pelo menos rendeu essa crônica legal pra caramba!
No Response to "Azar no jogo. Amor no amor (por @rebeccabraga)"
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