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quarta-feira, janeiro 27, 2010

A História do rock amapaense – 3ª capítulo

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                                                                                                        Por Elton Tavares


Liverpool, o bar de rock com maior longevidade em Macapá - Foto: Elton Tavares

Chega o novo milênio e a esperança de a cena rock local expandir-se era mínima. É inaugurado o bar Cana café, a banda que tocava no local era a Baron Blue, muito boa, mas cover. Nós íamos, com poucas opções em Macapá, curtíamos o que tinha. No mesmo período, meados de 2001, um programa inovador surgiu na rádio amapaense, o Rock n’ Night do Darlan Costa na Rádio Antena 1. A programação, de 20h à meia-noite, tocava de tudo, até rock amapaense.

O programa, que durou até 2008, foi o responsável da única gravação das músicas autorais de Little Big (da qual falei no capítulo anterior), em 2002, pouco antes do fim da banda. Por lá também passaram as bandas locais Death Not, B-612, Amatribo, Charlotte e Gás 11.

Na primeira metade dos anos 2000, surgiram ótimas bandas covers como The Malk (minha preferida), com uma proposta anos 80. A Malk tocava no bar Botecno Café, no bairro do Trem, um lugarzinho muito legal. Lá também tocava a Mazikin, que revezava com a Malk. Nesta época surgiu a Madame Buttefly, do baterista Beah (figura folclórica do underground local) estilo Glam Rock, mas cadê a tal cena? Aquela iniciada com a Little Big?

O Mosaico reabre, mas não é mais o mesmo, pois está elitizado, diferente do antigo bar de grande representação do movimento na cidade. A banda Casa Nova grava, mas era uma coisa de resgate dos anos 70 e não o que queríamos ouvir e ver e, na mesma linha “pop-atual-mpa-disco”.

A coisa começou com força mesmo em 2004. Não estávamos a fim de curtir a micareta das férias de julho daquele ano. Eu, Lorena, Gabriela, Guga e Arley (batera da The Malk) e Rebecca (na época vocal da Yellon Box) inventamos, na Praça Floriano Peixoto, o Lago do Rock. Lá formou-se um point rock, iniciou com as bandas como The Malk, Pierrot e Yellon Box. O espaço era aberto, democrático para quem quisesse tocar.

Foi quando uma, então banda nova, após tocar ótimos covers, tocou uma música de sua autoria, que foi muito bem aceita. Tratava-se da stereovitrola, aí começa a trajetória da, para alguns (como eu), melhor banda do rock nativo.

stereovitrola

A formação original da stereo era Almir (AJ) no vocal e guitarra, Patrick (ex Little Big) na guitarra e composições, Marinho no baixo e Rubens na bateria. Depois entro o Matrix no Samplers, Loops e efeitos, apelidados carinhosamente de “ligas sonoras”. O AJ saiu (depois conto essa história) e entrou o Anderson na guitarra e o Patrick assumiu os vocais. Anderson saiu e entrou o tecladista Otto. No ano passado (2009), o Anderson retornou, formando o sexteto atual. Os caras são simplesmente fantásticos!

A banda lançou, em 2006, o seu primeiro CD, com cinco faixas próprias e intitulado “Cada molécula de um ser”. No mesmo ano, o disco foi eleito o 6° melhor single independente do Brasil pela Revista Senhor F, de Brasília (DF), e 6º colocado na categoria independente pela Revista Dynamite. A stereo, influenciada pelas bandas Pink Floyd, Mutantes, Interpol, Joy Division, Belle and e Sebastian e Júpter Maçã, lançou ano passado o CD “No Espaço Líquido”, com 10 músicas próprias, que caíram no gosto popular.

A banda conseguiu sintetizar talento, força de vontade, ótimos músicos, déias criativas e um toque de eletrônico. Conquistou o público Amapaense com composições intimistas, um trabalho espetacular devido às condições da realidade local. Já fizeram alguns shows em Belém (PA). Me atrevo a dizer que a única coisa que falta para a stereo é viajar mais, quando eles estiverem prontos para conquistar o país, bastará o Brasil parar para ouvi-los.

Conforme o vocalista e compositor da stereovitrola, Patrick Oliveira, a banda surgiu como resposta ao marasmo musical de Macapá e tem como característica rock alternativo, independente e experimental. Possui composições próprias, com letras que valorizam o cotidiano e comportamentos individuais e coletivos.

Voltando a 2004, bem no finalzinho, Inaugura o Liverpool Rock Bar, um dos celeiros do underground amapaense. O Liver, como o chamo, é o bar de rock mais duradouro da história de Macapá. Todas as grandes bandas tocaram neste lugar: The Malk, Stereovitrola, Pierrot, Tio Zé, Templários, Slot, etc... Um lugar alternativo, freqüentado por amigos, amantes de música, um verdadeiro reduto.

Existiram lugares importantes ao longo dos anos do Rock Tucujú: Mosaico, Bar Lokau (meu e do Edmar, onde a Little tocou algumas vezes), Bar Woodstock, Bar da Praça Floriano, Botechno Café, Galpão 213, mas nenhum tão duradouro quanto o Liverpool, que fechou várias vezes, mas sempre volta com força total.Só o fato de existir um lugar destes, em uma terra tomada pelo brega, já é um fato heróico.

Entre estas, destaco cinco bandas, Mini-Box Lunar, a banda mais ativa do Coletivo Palafita (grupo cultural, de quem falarei no próximo capítulo). A Mini Box já participou de alguns festivais dentro e fora do Amapá, é a mais experiente no quesito “estrada”. A Sangria, que infelizmente acabou, era uma referência do punk tucujú, faziam um som sujo, mas de muita qualidade. Eles faziam shows viscerais de punk politizado e com conteúdo.

Após o lançamento do CD autoral da stereo, várias bandas produziram material próprio no Estado, como Sangria, Sps12, Samsaramaya, Marttyrium, Templários, Bauzabouth, 12 Wolts, Arma de Fogo, Palheta Perdida (de longe, a pior de todas), Amatribo, Corleones, Amaurose, Godzilla,Dezoito/21,Novos e Usados, Mini-Box Lunar, Inadimplentes, Fax modem, AlterEgo e Nova Ordem. Algumas destas possuem muito mais atitude do que talento, porém, só o tempo dirá se esta atitude é o que nos faltou no passado.

Não gosto muito de Metal e Hardcore, mas as bandas Sps12, de HC, e Amaurose, de metal, tem o meu respeito. Já critiquei muito, mas aprendi que eles são muito bons no que propõem a fazer. A caçula das que se destacam é a Godzilla, uma banda visceral, com um público fiel, talvez a segunda em popularidade no Estado. A Godzilla é muito foda, em minha opinião, ela e stereovitrola são as melhores daqui.

Godzilla

A Godzilla foi formada em 2007, tem como integrantes Raoni Holanda vocal e composições, Wendril Araújo na guitarra, Sandra Borges no contrabaixo e Magrão na bateria. São influenciados por The Pixies, The Doors, David Bowie, Nirvana, R.E.M, The Beatles, PJ Harvey, Rolling Stones, Nick Cave, Donnie Darko, White Stripes, The Stooges, Black Sabbath, Los Hermanos, Nine Inch Nails, The Liars, The Strokes, Shellac, stereovitrola, Mick Ronson, Sepultura, The Libertines, Sonic Youth, Queens Of The Stone Age.

A banda é diferente de todas as outras do cenário independente da cidade de Macapá. As performances do vocalista e Raoní são, no mínimo, criativas. Os Godzillas lançaram, no ano passado, um single com cinco músicas. As canções fazem sucesso, a platéia canta junto com a banda, o que é muito firme!

Continua......










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