Seguidores

quinta-feira, janeiro 14, 2010

A Santa Inquisição do Fofão

4
Por Elton Tavares


(Fonte img: google)

Lembro-me bem, no início dos anos 90, do pânico em Macapá causado por um boato “satânico”. Espalhou-se que dentro do boneco do personagem Fofão teria uma adaga ou punhal, por conta de um pacto demoníaco, feito pelo autor do mesmo, com “o coisa ruim”. Iniciou-se uma caça sem precedentes ao brinquedo, uma Santa Inquisição do Fofão. Eu e meu irmão vitimamos os bonecos das primas (prima sempre tinha Fofão, boneca da Xuxa ou Barbie).

Na época, muitos diziam que ouviram do primo do vizinho do fulano, que uma pessoa tinha sido assassinada pelo próprio boneco. O Fofão tinha uma cara enrugada, era tosco, usava uma roupa parecida com Chucky, o brinquedo assassino e dentro ainda tinha uma aste (punhal) de plástico, que era usado para manter o seu pescoço em pé, realmente os fatos estavam contra ele.

Houve até queima dos portadores do mal em praça pública, sim, naquela praça que ficava em frente ao cemitério São José, que hoje abriga a nova Catedral, homônima ao depósito de pés juntos. Na verdade, comprovou-se que o fato não passou de um golpe de marketing, pois muita gente comprou só para conferir e destruir o brinquedo em seguida. Coisas como o lance das músicas da Xuxa que, como se falou na mesma época, se tocadas ao contrário, continham mensagens do diabo, hilário.

Fora o fato de a população potencializar suas crendices e atos insanos por conta de um mero boato, foi muito divertido, eu ateei fogo em vários Fofões, muito melhor do que a época junina, a maioria dos muleques adorou e grande parte das meninas chorou a partida daquele tão querido brinquedo.

Concordo com o dramaturgo inglês, William Shakespeare, quando ele escreveu que “Há mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia”, mas o episódio do Fofão foi uma histeria generalizada e uma espécie de Santa Inquisição dos brinquedos.

4 comentários:

  1. Jesus, ia morrer e não ia saber que teve inquisição de fofão na frente da igreja. Nós, amapaenses, nos superamos mesmo. Adorei o blog, Elton.

    ResponderExcluir
  2. Cara, isso não rolou só aqui! Lá na Paraíba (minha terra natal) tb aconteceu... Mas como na época eu já curtia rock'n'roll e tirava onda de anti-Cristo (putz, anos 80 foram foda!kkk) eu comprei a porra do boneco pra fazer medo às menininhas da minha rua.... kkkkkkkkkk
    Bons tempos aqueles!!! :D

    ResponderExcluir
  3. Kkk.. não me enquadro entre as menininhas que choraram a perda do boneco, na verdade , quando eu soube do boato fui logo arrancando a sua cabeça para ver o dito “punhal”, e pense na decepção quando vi que era de plástico e servia só pra sustentar a cabeça do bicho.. mas por via das dúvidas achei melhor jogar na fogueira o boneco do cão...hauahua

    ResponderExcluir
  4. Eu lembro muito bem desse fato. Agora veja bem,quem não se lembra também de uma outra historia(que não faz muito tempo), de uma motocicleta(modelo popular), deu o que falar, pelo fato delas virem com um simbolo(não sei onde,então..., sugiu um boato que o fabricante tinha um pacto com o "dito cujo",e que haveria um puchal na parte interna da moto. Bom, como já diz o ditado:"É ver pra crer."

    ResponderExcluir