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terça-feira, março 16, 2010

Eu odeio os forçados

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                                                                                                     Por Elton Tavares

Em Macapá, temos uma expressão para quem quer parecer o que não é, o famoso “forçado”. Não sei quando o termo foi inventado ou quando começou a ser usado pelas pessoas da banda de cá, mas escutei muito isso nos anos 90, quando um cara queria parecer ter melhor condição financeira, para ser aceito em grupos de patetas que possuíam carros legais. Os forçados fazem de tudo para serem aceitos, se dizem “ecléticos”, (pessoas sem senso crítico musical ou opinião formada sobre música), pois escutam o que tocar, do Brega á Ópera, puxam saco, concordam com tudo, riem de piadas sem graça e coisas do tipo.

A receita para ser um “forçado” era simples, você tinha que usar roupa de marca, puxar o saco dos playboys ou de alguém ligado a eles (geralmente jovens populares com algum talento especial, esportistas, por exemplo, ou o “talento” de ser filho de algum empresário ou político). Além disso, você tinha que ser “coca-cola” em todas as festas, boites e barzinhos.

Conheço neguinho que surtou com este papo. Na época que eu ainda bebia em postos de gasolina (não tenho mais saco para isso, estou ficando velho), vi um cara chamar o frentista de “fudido”, não sei o motivo que iniciou a discussão dos dois, mas me revoltei com aquilo. Eu sacava o moleque que ofendeu o trabalhador, ele era mais um forçado, tipo pneu de barco, que só vai do lado, gente que faz figuração para o mundo de uma minoria idiota.

Não perdi a oportunidade, claro, de aplicar-lhe uma boa cagada: “Ei mermão, respeite o cara, ele está trabalhando, fica na tua se não vás pegar umas porradas”. Não sou bonzinho, mas odeio tais idiotices.

Bom, voltando ao assunto, nos dias de hoje, observo outros tipos de “forçados”, patricinhas com roupas de hippie, mas que são depósitos de caretice. Jornalistas com discursos sobre ética, mas são os primeiros a receber propina. Falsos liberais, que pregam a “gentebonisse” e no fundo são homofóbicos, racistas e xenófobos.

O político corrupto, que em dias de campanha, bate foto com criança no colo, anda no meio do povo, arregaça as mangas e realiza as mais nobres ações. Outro caso comum é o garanhão forçado, que não come ninguém, mas vive dizendo que passa o rodo, inventa histórias mirabolantes sobre meninas que ninguém conhece (potoca pura) ou fantasia com amigas, confunde as coisas e tals.

E os puritanos forçados? Que só dizem agir dentro do politicamente correto, vemos máscaras caírem todos os dias, desconfie de quem é muito certinho.

Tem até o forçado intelectual, que leu meia dúzia de livros, assistiu um punhado de filmes, tem conhecimento musical limitado e conhece pouco sobre política, mas vive opinando sobre tudo, com um jeito de quem tem conhecimento de causa. Estes tipos são cômicos, papagaios que somente reproduzem o que escutam, sem um pingo de bom senso e opinião própria (alguns desavisados me vêem desta forma, risos).

Às vezes, somos um tanto hipócritas, mas não seja um forçado, sempre tem alguém que te saca.

Um comentário:

  1. Essa sacada foi ... digamos: "Firme"!! Dos ecléticos então...O cara diz: "Eu curto tudo, pagode, axé, rock pop (ele nem sabe o que é isso e ainda se diz fã de Legião urbana desde do CD lançado em em nov de 2009). Eu já ouvi isso sabia? P.Q.Pariu rsrsr. Muito boa a sacada!!

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