Por Thiago Soeiro, do Portal Amazônia
A próxima sexta-feira (21) já é assunto quase que unânime nas mídias sociais, entre conversas de amigos, em escolas e no trabalho. A suposta data do ” Fim do Mundo” é baseada no fim do ciclo do calendário dos povos Maia, que serviu para dar origem ao boato de que o mundo chegaria ao fim no dia 21 de dezembro de 2012. O portalamazonia.com ouviu dois especialistas em física, teologia, filosofia e astronomia para esclarecer o surgimento de tais especulações. Ambos afirmaram que não há motivos de preocupação com o fim da existência humana – pelo menos não para agora.
Para o físico Cássio Renato Santos, não haverá fim do mundo ou catástrofe natural para o dia 21 de dezembro. O professor de física e astronomia afirma que a existência do calendário Maia é um fato verídico. “Eles habitaram a América Central e foram grandes estudiosos da astronomia, tanto que se baseavam em ciclos para a contagem do tempo. Um ciclo completo tem a duração média de 5.200 anos, que coincide entre os dias 21 a 23 de dezembro em nosso calendário. Mas isso não tem nada haver com uma previsão de fim do mundo; é apenas o fim da contagem do calendário deles”, explica o professor.
O possível fim da existência humana prevista pelos Maias, fez surgir várias outras especulações no decorrer do tempo para o ano de 2012, como sendo o ano do apocalipse. Entre elas está a do Planeta X ou Nibiru, que tem quatro vezes o tamanho da Terra e estaria em rota de colisão. “Esse planeta foi descoberto pelos sumérios na Mesopotâmia. No entanto, não há comprovações científica de que ele estaria vindo colidir com o nosso. A Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA) criou um programa de monitoramento a corpos com um potencial de colisão com a Terra”, destaca o professor Renato.
Alinhamento dos Planetas
Muitos acreditam que o alinhamento dos planetas para o dia 21 de dezembro causaria um uma mudança nas marés, causando enchentes e outras catástrofes naturais. Segundo o professor, o que acontece neste mês é um fenômeno já comum, pois todo o mês de dezembro acontece o alinhamento da Terra com o Sol ao centro da Via Láctea. “Já é comprovado que no fim da Via Láctea existe um buraco negro e, talvez esse fato faça algumas pessoas criarem especulações de que o planeja possa ser sugado por este buraco, mas isso é algo irrelevante porque esse alinhamento acontece todos os anos”, esclarece.
Ele também falou que não há também nada relacionado com o alinhamento dos planetas em relação às marés, já que o alinhamento já aconteceu outras vezes e não houve registros de incidentes. “O Sol e a Lua tem interferência direta em nossas marés. A Lua, especificamente, interfere no nosso eixo de rotação”, conta o Renato.
Vídeo da Nasa sobre o fim do mundo:
Tempestade solar
Outra hipótese é que uma tempestade solar assolaria a terra causando uma pane nos sistemas de telecomunicações. “O sol possui um ciclo solar, que tem picos de 11 anos e estamos entrando neste ciclo que acontece agora entre 2013 e 2014. Como neste período o sol libera partículas energéticas que viajarão até a Terra, elas podem, sim, causar algum problema em nosso sistema de comunicação, mas essa é uma constante. O tempo todo estamos suscetíveis a isso e não vemos isso acontecer”, ressalta Cássio Renato.
Mas o físico também garante que não há motivos para ficarmos preocupado com um possível blackout, pois esse fenômeno já é conhecido e a cada geração engenheiros desenvolvem tecnologias de comunicações e eletrônicas mais resistentes a esse fenômeno. “Vejo que o grande culpado desse vírus que se tornou esse fim do mundo para o dia 21 é a Internet, onde os assuntos se popularizam e se espalham”, conclui o professor de física.
A filosofia e o fim do mundo
Entre as profecias finalistas, um profeta que se destaca é Nostradamus, que profetizou um fim para o nosso planeta para a virada do ano de 1999-2000. O filosofo, teólogo e especialista em ciência da religião, Moises Prazeres, contou que outros povos como os astecas também profetizaram um fim para o planeta, mas, para ele, o que esses profetas se referiam a uma possível transformação, e não à destruição do mundo em caráter biológico, geológico e químico.
“Essas profecias nos levam a pensar que esses estudiosos estavam profetizando ou pensando ou articulando uma finitude da própria espécie humana, porque não é simplesmente uma consumação terrestre, mas é o homem que, no decorrer de sua história de humanidade, passa por um processo de degradação humana, se desumanizando. Não é um fim matéria, mas é um fim substancial do ser humano”, relata Moises.
Sobre o livro bíblico de Apocalipse, Moisés comenta que o cristianismo e a teologia cristã acreditam que este mundo terreno passará e terá um fim, mas será banhado pela chamada ‘esperança cristã’. “Para o cristianismo e a teologia cristã, o mundo terreno passa, porém a vida humana continua em uma dimensão pós-morte, onde se pensa e se fala ser o céu”, explica o teólogo.
Moisés deixa claro que, segundo as escrituras sagradas de cristãos, mulçumanos e judeus a nenhum ser humano foi revelado, nem o dia nem à hora da finitude do mundo terreno. “No Novo Testamento nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas é narrado pelo próprio Jesus, o chamado discurso escatológico, que é o discurso sobre o fim último das coisas. Tanto o mundo quanto a espécie humana. Jesus falou muitas vezes que esse mundo passaria, porém ele alertou que viriam falsas profecias e que seus seguidores não deveriam acreditar, porque, segundo ele, só Deus Pai iria determinar o percurso da história de todos nós”, conclui.
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