por Ricardo Ribeiro – em 20/12/2012
Nos últimos tempos, ando refletindo muito sobre a vida, sobre o sentido dela em nossa existência, e de como estamos conduzindo nosso convívio em sociedade... Outro dia tava pensando sobre meus filhos, tenho um casal, Yuri é o mais velho (8 anos), Yasmim a mais nova (4 aninhos)... E me peguei lembrando uma passagem de um texto do filosofo libanês Gibran Kahlil Gibran, em que ele diz “Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma (...)”
E também de quando ouvi no filme Jurassic Park 1, na fala do ator Jeff Goldblum (no papel do cientista Iam Malcolm que acompanhava o casal de paleontólogos) “A vida encontra um meio”... (um meio de se perpetuar), contestando a gambiarra que os geneticistas do parque jurássico tinham implantado para os Dinossauros não se reproduzirem espontaneamente, negando um hormônio masculino aos mesmos, criando somente espécimes do gênero feminino... Quem assistiu ao filme viu no que deu... A vida encontrou um jeitinho, e o parque virou um pandemônio (risos)...
Isso é uma grande verdade... Há 10 anos eu tinha planos de não ter filhos... Pois não queria perpetuar a linhagem de meu pai (com o qual não falo há mais de uma década)... Meus planos foram por água abaixo quando conheci a mãe de meus filhos em 2002, a qual hoje é minha esposa (uma mulher maravilhosa e mãe dedicada)... Não nos cuidamos, e veio o Yuri em 2004... Em 2007, depois de uma Rockada muito firme no saudoso Liverpool Rock Bar, cheguei em casa cheio de “amor”, e plantei a sementinha da Yasmim, que nasceu em 2008... (dois presentes da vida para mim e minha esposa)...
Na atualidade, casamento não é uma coisa fácil, isso muitos descobrem da pior forma... Há muitos altos e baixos, gordos e magros, loiras e morenas... Vontades pessoais querendo se sobressair, conflitos de interesses, manias, tentações do capeta, etc. Por isso muitos desistem, e alguns nem tentam... Mas há também um lado bom que poucos experimentam como segurança, companheirismo, aprendizado, sexo experiente... e os filhos (essa pra mim foi a melhor parte)...
Estou graduando em Geografia, e nessa ciência discutimos muito sobre o espaço e espacialidades, sobre o todo, a parte e a totalidade, dentre outras coisas... Então estive observando meu filho, e vendo muitas de minhas características nele, tipo um sinal que temos na orelha esquerda (parece que furamos a orelha), outro sinal característico do braço direito (no mesmo lugar), os olhos, os dentões de ratinho (parece o Pink, de Pink e Cérebro. rsrsrs)... E me vi refletindo se ele era parte de mim ou eu é que era parte dele, ou se era as duas coisas...
Mas cheguei à conclusão de que eu é que sou parte dele, e ele que é o todo nessa relação... Daí você pode questionar - mas ele veio de ti, logo ele que é a parte... E eu vos explico que ele é o todo, pois ele é a soma... A soma de tudo e de todos que vieram antes dele... Meu filho é a soma de mim, da mãe dele, dos avós (paternos e maternos), dos bisavós, dos tataravós, dos tetra-tataravós, e assim por de volta...
Chegamos naquele dilema sobre a parte e o todo que é tanto discutido na Geografia, onde o todo sem a parte não é todo e a parte sem o todo não é parte... Mas na verdade, para a Geografia, o que existe, é uma totalidade...
Outra coisa que lembrei foi de quando trabalhei em instituições indígenas e indigenistas, tendo oportunidade de ter contato com alguns grupos indígenas aqui do Amapá e norte do Pará... Certa vez ouvi uma conversa de que para algumas etnias a relação de pai e filho é diferente do que na dita civilização moderna... Para esses grupos quando perguntamos a um indígena se determinada criança é filho dele, ele imediatamente responde - Eu é que sou pai dele... Isso é uma questão de pertencimento... O pai pertence ao filho e não o contrário... É algo singelo e tênue, mas faz muita diferença...
É uma questão também de tamanho/proporção, já que o pai se colocou na condição de parte em relação ao todo...
Nesse sentido, a Geografia e os Silvícolas têm muito a contribuir na questão da justiça social e da importância dos filhos na sociedade... Filhos, pois quando falamos da importância das crianças em nossa sociedade, parece que essas crianças não têm pais (partes), parece que elas apareceram do nada aqui no planeta Terra... Fica uma coisa meio solta/vazia... Antes de serem crianças, elas são filhos, e assim devem ser vistas e tratadas...
Vivemos em uma sociedade muito desajustada, já que o eu (as partes) quer ser mais importantes do que o todo (os filhos), na construção da totalidade... E isso tem colaborado sobremaneira para que haja tantas crianças abandonadas, em situação de vulnerabilidade ou entrando em escolas e atirando em outras crianças...
Não estou querendo dar lição de moral, ou lição de vida, nem lição de nada... Acho esse lance de lição uma tremenda babaquice... Cada um conduz sua vida como quer ou lhe convém... Estou somente compartilhando uma ideia e uma visão de mundo, que pode ser benéfica nas relações sociais mais íntimas... Esse negócio de lição: a vida encontra um meio de dar (+ risos)...
Mas acredito que se os pais (as partes), mesmo os que estiverem separados, aprenderem a olhar seus filhos como (um todo) de uma relação, poderemos então construir uma totalidade mais justa e segura para nossas crianças...
Ricardo Ribeiro, pai, marido, graduando em Geografia, e agora filosofo (nos finais de semana)... rsrsrs !!
Genial!
ResponderExcluirMuito bom querido AMIGO Ricardo Ribeiro, fiquei fascinada e motivada com o que pensa e retrata o papel de Pai de família. Pra mim não é surpresa que você hoje pense assim, desde quando nos conhecemos (há muuuito tempo acho que mais de 10 anos) com todos as dificuldades e contratempos com relação ao seu Pai, o menino e homem Ricardo Ribeiro sempre foi um guerreiro sempre responsável com tudo e com todos, integro, sonhador, amigo de verdade um ser humano que merece toda a felicidade do mundo. Fico muito feliz de ver a família que tem hoje, família é muito importante mais se completa com o que temos, eu e meu filho Jorge Bernardo somos hoje uma família, e mesmo com tantas dificuldades e sem ter esperança de dias melhores quando ele CHEGOU veio trazendo a esperança e a paciência de que tudo acontece por alguma razão. E hoje ele é um motivo de tanta felicidade em minha vida, seu cheiro seus gestos estão comigo sempre me fortalecendo. Querido amigo a importância de suas palavras nos faz acreditar que o respeito pelo outro vale não desistir do que realmente vale apena. Parabéns que Deus continue abençoando você e sua linda família.
ResponderExcluirRicardo, parabéns pela construção do registro.
ResponderExcluirmui bueno
ResponderExcluirBeautiful ;)
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