Por Régis Sanches
O PT convocou para amanhã, quinta-feira, 23, em São Paulo, um ato contra o “golpismo da mídia”, ao qual haviam aderido centrais sindicais, CUT à frente, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e os partidos aliados PCdoB, PSB e PDT.
O alvo dos protestos são as denúncias de tráfico de influência, corrupção, prevaricação, lobismo escancarado e nepotismo, para não citar o Código Penal inteiro. Isso tudo aconteceu na Casa Civil quando Dilma Rousseff era a ministra e Erenice Guerra, seu direito.
Os fatos, fartamente documentados, foram publicados em reportagem magistral da revista Veja. Outras denúncias têm sido veiculadas principalmente pelos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo. Os casos escabrosos são repercutidos pela TV Globo. Basicamente esse é o time que Lula, Dilma, Zé Dirceu e o PT chamam de grande imprensa, a quem acusam de golpismo.
Houve um tempo em que o PT era oposição e Lula perdeu três eleições presidenciais consecutivas para os Fernandos – uma para Collor de Mello e duas para Henrique Cardoso. Nessa época, os repórteres se fartaram de garimpar dossiês e denúncias, contra os governos de então, nos gabinetes dos parlamentares petistas. Por conveniência, jamais o PT disse que o que saía na Imprensa era golpismo.
Como, então, agora, o partido da estrela vermelha e do ex-retirante de Garanhuns que virou presidente da República vem acusar a Imprensa de golpista? Lula tem uma história bonita. Mas, se formos fazer um balanço de sua biografia, vamos descobrir que ele nunca trabalhou de fato. Além de tudo é incompetente: perdeu um dedo mindinho num torno mecânico das Indústrias Villares. Com isso, ganhou gorda indenização.
Depois, Lula galgou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Da entidade para o PT foi um pulo. Adeus à graxa, adeus ao macacão de operário. Vamos respeitar a inteligência e a astúcia de Lula. Ele é muito esperto. Transmitiu o DNA à sua prole e aos militantes do seu partido.
Fatos não faltam para confirmar essa tese. Três anos após Lula assumir a presidência, em 2003, Lulinha, que ganhava R$ 600 por mês, já estava com R$ 5 milhões na conta-corrente. Com Erenice Guerra não poderia ser diferente. Israel e Saulo, seus filhos, e a parentela toda seguiram as pegadas de Lulinha. Agora, são todos milionários.
A tese do “golpismo” da imprensa independente é um velho truque fermentado e aperfeiçoado por intelectuais petistas. Começou no estouro do escândalo do Mensalão, em 2005; foi assim também no caso dos “aloprados”; e agora o mesmo mecanismo volta a ser acionado na defenestração de Erenice Guerra.
Resumo da ópera: já são 9 ministros que deixaram a Esplanada dos Ministérios em quase 8 anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Confira os nomes:
2004 – Benedita da Silva
Cargo: Ministra da Secretaria de Assistência e Promoção Social.
Motivo: Deixou o cargo após denúncias de ter utilizado dinheiro público para se hospedar em um hotel de luxo em Buenos Aires.
2005 – José Dirceu
Cargo: Ministro-chefe da Casa Civil
Motivo: Deixou o governo após denúncias de envolvimento em suposto esquema de mensalão no governo federal.
2005 – Romero Jucá
Cargo: Ministro da Previdência
Motivo: Deixou o governo após denúncias de irregularidades na captação de empréstimos no Banco da Amazônia.
2006 – Antônio Palocci
Cargo: Ministro da Fazenda
Motivo: Deixou o governo após denúncias de envolvimento na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
2006 – Luiz Gushiken
Cargo: Ministro da Secretaria de Comunicação
Motivo: Deixou o governo após denúncias de supostas interferências em fundos de pensão e suspeitas de envolvimento no mensalão federal.
2007 – Silas Rondeau
Cargo: Ministro de Minas e Energia
Motivo: Deixou o governo após denúncias de envolvimento com empresa acusada de fraudes e desvios de verbas de obras públicas.
2007 – Walfrido Mares Guia
Cargo: Ministro das Relações Institucionais
Motivo: Deixou o governo após denúncias de envolvimento no escândalo do mensalão mineiro.
2008 – Matilde Ribeiro
Cargo: Ministra da Igualdade Racial
Motivo: Deixou o governo após a divulgação de gastos com o cartão corporativo do governo.
2009/2010 – Erenice Guerra
Cargo: Ministra-chefe da Casa Civil
Motivo: Deixou o governo após denúncias de suposto tráfico de influência no Palácio do Planalto.
Feito esse breve balanço dos malfeitos de seus auxiliares, vale ressaltar que Lula é um falso defensor da liberdade de imprensa e expressão, preconizada na Constituição de 1988. O governo Lula se perfilou aos regimes ditatoriais de Hugo Chavez (Venezuela), Fidel e Raul Castro (Cuba) e Mahmoud Ahmadinejad (Irã).
Então, o que falta a Lula da Silva para transformar-se em clone de Adolf Hitler? Apenas o bigode. Isso ele pode fazê-lo, tomando emprestado o adereço de seu ex-inimigo mortal e atual aliado desde criançinha, José Sarney. Mas cuidado, presidente: com o bigode de Sarney, o senhor poderá ficar com a aparência de Carlitos, o palhaço celebrizado por Charles Chaplin para parodiar Adolf Hitler.
Uma última palavra. Como jornalista, eu defendo o diploma universitário da minha categoria. E não será um ex-torneiro mecânico, que pretende implantar no Brasil a REPÚBLICA DA CORRUPÇÃO E A DITADURA DA INGNORÂNCIA, que vai cassar a voz e as letras da imprensa independente.
Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, é bom que Vossa Excelência tenha consciência de que a história é composta do passado, presente e futuro. O seu passado tem nuances dignas de serem contadas numa escola primária. O seu presente o condena à galeria de Stalin, Hitler e Mussolini. Portanto, o seu futuro é incerto. Que fique bem claro: se há golpe da Imprensa, é apenas por dizer a verdade.