Com o passar dos anos, a arte no Amapá vem ganhando destaque. Partindo desta premissa, visitei, na sexta-feira, (3), no Monumento do Marco Zero do Equador, a exposição de arte “Diversidades”, da artista plástica Rosa de Fátima Campbell Moutinho. Confesso que fui à mostra de maneira despretensiosa, a convite de um amigo. Apesar de não ser um grande conhecedor do assunto, me surpreendi com a qualidade das 63 obras ali expostas. Por meio delas, a artista declarou seu amor à sua terra natal, o município de Mazagão.
Na mostra, que foi realizada pela produtora Sônia Canto, no período de 3 a 9 de setembro, a nova artista amapaense encantou centenas de visitantes com a beleza e sutileza de suas peças. As pinturas e colagens possuem referências geográficas, contemplação à natureza, costumes e cotidiano nortista, tudo retratado de forma madura. Em suas telas, Rosa expressa sentimentos e características marcantes da nossa cultura e da Amazônia como um todo. As obras possuem um exuberante realismo, que reproduz madeira, mármore, paisagens e objetos com perfeição. As peças são únicas, não há nenhuma igual à outra.
Rosa Moutinho possui uma história artística meteórica e emocionante. Pedagoga aposentada de suas atividades na Universidade Federal do Pará (UFPA), a artista escolheu a pintura como terapia ocupacional. Em uma viagem de férias, feita à cidade de São Paulo (SP), em novembro de 2009, visitou uma exposição e ficou fascinada por arte.
Ao observar tamanho interesse pelas obras, um professor de Arte se ofereceu para ensinar-lhe técnicas de pintura. De acordo com a artista, em somente dois dias de aula, ela pintou cinco telas e não parou mais. Em apenas oito meses de carreira, a artista produziu mais de 100 peças, que expôs em três amostras: no Rio de Janeiro (RJ), em Belém (PA) e em Macapá, esta na semana passada. Por causa da boa repercussão, a artista já recebeu propostas para expor suas telas fora do Brasil.
Conforme a artista, suas influências são amapaenses e paraenses. O material utilizado por ela é o papel machê, em 80% das obras e com texturas diferentes. As peças são requintadas, pois são ornamentadas com pedras preciosas do Brasil, como Ônix, Ágata e Cordolina. Além de fios encerados, espelhos, placas de madeira e inox. Muitas peças foram vendidas nestas exposições, o apoio da família, amigos e ótima aceitação do público incentivaram a artista na nova e promissora carreira. Rosa possui uma vastidão de sentimentos e imaginação para suas criações.
Enganam-se aqueles que pensam que são as mãos da artista que produzem as obras ou que sua técnica e imaginação são o bastante para tal. Seus instintos e experimentações fizeram da exposição uma síntese dos padrões estéticos de uma artista apaixonada pela natureza. O resultado da busca pela auto-expressão e uma feliz propensão para o surpreendente. Na verdade, por conta da sensibilidade, as obras são produzidas pelo coração de Rosa Moutinho.
“Não faço arte apenas pintando, uso colagens e texturas. Fiquei feliz com um senhor que comprou algumas de minhas obras, que disse: ‘Com este talento, o que você está fazendo aqui?’. Este tipo de entusiasmo me dá forças e me inspira para continuar produzindo minhas telas e peças”, assinalou Rosa Moutinho.
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