Por Lúcio Costa Leite
Definitivamente concordo com o comentário de Ludiane Alves em meu último post. A premissa de que a “música é simplesmente um encantamento para a alma e corpo do homem” é uma excelente síntese de como a arte pode ser arrebatadora.
Neste mesmo sentido, situo o cinema, dado que sua extensão pode variar tanto das risadas fáceis, arrancadas por uma comédia, quando ao desconforto de um roteiro com bases em “uma história real”.
É neste último caso que se insere Nuvem Negra, filme de Shohei Imamura. Esta obra tem como enredo os acontecimentos de 6 de agosto de 1945, data do primeiro ataque nuclear da história, a da bomba atômica que atingiu a ilha de Hiroshima, no Japão. Recentemente (06), esta tragédia completou 66 anos.
O filme recebeu o nome de Nuvem Negra em remissão ao famoso cogumelo de fumaça gerado pela explosão da bomba atômica, cujo resultou foi uma extensa nuvem de sujeira, poeira, fuligem e partículas altamente radioativas no céu de Hiroshima e Nagazaki.
No início do filme há uma breve apresentação do ambiente calmo de Hiroshima na amanhã do ataque, após isso, a bomba cai para a surpresa de uma população que nada entende sobre o fato. As primeiras imagens do filme são chocantes, apresentam Yasuko e seus tios atravessando uma cidade em meio a um inferno em chamas, vítimas agonizando, cadáveres calcinados e espalhados ao longo de uma cidade que já não existe mais.
Cinco anos após a explosão, Yazuco ainda vive com seus tios, o Sr. e Sra. Shizuma, que tentam a todo custo encontrar-lhe um marido. A tentativa é frustrada, visto que os rumores de uma infecção pela radiação da bomba assustam seus pretendentes.
O filme dá conta não apenas dos efeitos físicos causado pela bomba atômica, mas principalmente dos psicológicos que recaem sobre os sobreviventes, principalmente no que diz respeito à possibilidade de doenças.
Imamura registra todo horror desse holocausto em magnífica fotografia preto e branco.Há cenas chocantes no filme, como acontece no reencontro entre dois irmãos, momentos depois da explosão e cujo processo de calcinação de um deles impede que se reconheçam.
O roteiro foi estruturado a partir do livro de mesmo título do filme. O livro foi escrito Masuji Ibuseque e baseou-se em extenso levantamento de entrevistas e diários das pessoas infectadas pela bomba.
Este filme é indiscutível para o cinema japonês. É uma daquelas obras que suscitam um desconforto pela reflexão sobre a irracionalidade humana. Vale à pena assistir.
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