Seguidores

segunda-feira, março 18, 2013

Discos que formaram meu caráter (parte 12) - Legião Urbana- Dois (1986)

2


Muito bem amigos, estamos aqui mais uma vez para falar de discos, musicas e afins. A diferença é que agora temos um Papa argentino para torrar nossa paciência, ainda bem que o argentino é ele, não eu.

O disco em questão trata-se do segundo (obvio) trabalho da Legião Urbana e leva o simplório nome de “Dois”, gravado no ano de 1986. Foi o álbum que mais vendeu copias e o que trouxe o verdadeiro “respeito” a trupe da capital federal.

O sucesso do disco anterior, o homônimo “Legião Urbana”, de 1985 (grande disco falaremos ainda dele), não deu a confiança necessária para a gravadora dos caras apostarem em um dos desejos de Renato Russo. O líder da banda acreditava que o segundo projeto legionário deveria ser um trabalho mais singular, mais trabalhado um disco duplo. Chegou ate cogitar nome que seria algo como “Mitologia e Intuição”, mas como já disse os patrões não gostaram da ideia do cara e resolveram lançar em formato simples mesmo e assim em julho de 1986 as lojas recebem “Dois”. 

Convenhamos que é um nome muito simples para estar na capa de um dos melhores discos da geração perdida, que naqueles tempos respiravam um ar de liberdade que não se via já há algum tempo dentro de nosso país.

Diferente do caminho que as bandas estavam seguindo naquela época, o Titãs quebravam tudo com “Cabeça Dinossauro”, a Plebe Rude entrava em estúdio para dizer “Nunca fomos tão Brasileiros”, Capital Inicial reciclava o restante do “Aborto elétrico” no seu primeiro “Capital Inicial”, os dois Renatos (Russo e Rocha), Bonfá e Dado apostaram em outra pegada, sim a efervescência punk do primeiro disco e deixada de lado. Eles vieram com algo mais folk (os cults vão ao delírio com esse termo), pra resumir “Dois” é algo mais Beatles e menos Sid Vicious.

É um ótimo disco, porque pega o melhor de todos. Russo como compositor começa a mostrar um talento descomunal para escrever as letras, poucos como ele conseguem refletir tanta emoção em versos. A banda estava realmente afiada e passou bem pelo desafio do segundo disco. 

Então vamos dissecar o “Artefato”:

O disco começa a todo vapor com “Daniel na cova dos leões”, bíblico com certeza, mas longe disso, nos fala que “...Insegurança não  me ataca quando erro”. Vai para  “Quase sem querer”, baladinha com ar de festinha, que fala das angustias, dúvidas  da juventude “...provar pra todo mundo, que eu não precisava provar nada pra ninguém”. 

“Acrilic on Canvas”, linda, a forma dos versos nos permitem recitar a canção em forma de poema, dispensando a melodia. Já “Eduardo e Mônica”, linguagem simples, história de amor, mas lembrando que “...ela era de leão e ele tinha dezesseis”.  “Central do Brasil”, instrumental, pausa. “Tempo Perdido”, uma das musicas, acredito eu, mais exploradas no radio de todos os tempos, o clipe mostra a banda perto de ícones como Lennon, Hendrix etc...Ainda muito jovens.

Em “Metrópole”, uma das mais pesadas do disco, fala de violência assistia em nossa sociedade e como isso fica comum. Chegamos em “Plantas debaixo do aquário”, pesadíssima também, clama por paz “...não deixem a guerra começar”. “Musica Urbana 2”, resgate do repertorio do “Aborto Elétrico”, “Andrea Dória”, canção de amor, algo triste acredito que muitos já tomaram um famoso “pé” (os fodas vão entender). 

“Fabrica”, foi usada por muitos anos como abertura dos shows dos caras, prova maior de força não existe. E “Índios”, uma das músicas mais reflexivas já compostas.

A revista “Rolling Stones” coloca o álbum entre os 100 mais importantes da música brasileira de todos os tempos, a evolução musical da banda é algo gritante, dos três acordes do primeiro trabalho para “Dois” ocorreu em apenas um ano. Resultado, não outro que não seja “Clássico”.

Não posso deixar de dizer que “Dois” é um disco pop, mas sem negar que é inteligente, mais de 20 anos depois, continua atraente e, detalhe, é o disco da Legião que teve a maioria de músicas boas que não tocaram no rádio.

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT!

Marcelo Guido é Punk, Pai, Marido, Jornalista e Professor. “Ainda não sabemos quem guarda os portões da fábrica....”
   

2 comentários:

  1. Eu comprei esse disco com o dinheiro da minha mesada. Fui andando até O Discão, no canal, voltei e aprendi a cantar todas as musicas naquela mesma semana. Eduardo e Monica foi a primeira. Eu era feliz e sabia!!!
    Janisse

    ResponderExcluir
  2. Cara, comprei esse disco no dia... De... Do ano de 1990(porra,como o tempo passa...!). Lembro que passei uma semana inteira torrando a paciência da minha mãe pra conseguir a grana! Sim, eu tenho um carinho especial por esse álbum da legião, que apesar de ter se passado 23 anos ainda é super atual. Fico com dó dessa molecada que anda ouvindo re(eca!!)start, e outras porcarias que chamam de música!!

    ResponderExcluir