Por Darth J. Vader
Dizem que os caçulas são mais mimados porque têm maior atenção dos pais. O que não se fala muito é que os mais velhos se aproveitam dos caçulas em várias ocasiões. Tenho dois irmãos que nasceram antes, a Liz e o Apoena (sim, é um homem). Acontece que a Liz é uma mocinha desde criança e nunca me fez mal, até porque foi pra Minas muito cedo e convivemos pouco desde então. Só nos resta o Poc.
Seis anos mais velho do que eu, o Poc aproveitou bastante o fato de ter uma pequena irmã por perto. Ele mandava pegar água, e dizia: “vão, escravinhas, vão fazer tal coisa para mim”. Certa vez, respondi “não sou sua escrava!” e ele falou alto e em bom tom: “Eita! Essa daí já sabe da Lei Áurea”.
Também lembro que ele nunca se servia e, no almoço, Poc encrencava comigo só para ter o prazer de ver a mamãe ralhando com esta que vos escreve.
Um dia, é claro, me revoltei. Poc tinha uma coleção invejável de carrinhos importados, minha conta vai até 45 e, por não serem fabricados no Brasil, o valor era exorbitante. Por isso mesmo, ele tinha um amor quase incondicional aos benditos. Apesar de ter os meus, os brinquedos dele eram um pouco mais interessantes.
Pedi pra brincar com os carrinhos dele lá fora e, depois de um tempo, ele brigou comigo por alguma coisa que agora não lembro. Revoltada com aquela ditadura de anos a fio (eu já tinha seis anos!!), resolvi deixar os benditos lá fora mesmo, e fui dormir.
Pela manhã, cadê os carrinhos? E o drama pairou na casa dos Menezes.
Poc chorava copiosamente e eu ria por dentro. Ele ficou deprimido, ficou muito gripado e até pro hospital tivemos que levar no dia seguinte. E a caçula foi à forra.
Sabe quando me arrependi? Quase 20 anos depois. Hoje, sempre prometo para mim que irei repor a coleção, mas também adio todos os anos, até porque não dá para comprar aquela mesma marca, que não existe mais. Nem aquele tal de Hot Whells chega aos pés daqueles carrinhos. Sem falar no custo disso, relativamente alto.
Por enquanto, me delicio em saber que minha vingança foi maligna.
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