Foi difícil descolar esta entrevista. Todos sabem que Papai Noel é cheio de compromissos, só perde mesmo para o Pelé. Conseguimos um tempo em sua apertada agenda, graças à nossa influência e (o que realmente influenciou) à injeção de capital que fomos obrigados a fazer na conta bancária do bom velhinho. Entre uma audiência com o Obama e uma partida de pôquer com os dirigentes da Al-Qaeda, Papai Noel concedeu a entrevista, estipulando o prazo de três minutos, porque o superstar não tem saco para entrevistas longas. Ele mostra, num estilo bem Dercy Gonçalves, que não é tão bom e nem tão velhinho assim.
Como é a rotina do Papai Noel?
Sacrificante, estressante! Coordeno toda a produção de brinquedos, trato da distribuição e organizo a correspondência. Escalo meus clones e faço o roteiro de entrega. E você sabe que meu campo de atuação é o mundo todo, pelo menos o primeiro mundo. E ainda tenho que fazer a entrega pessoalmente para filhos de reis, presidentes e primeiros-ministros. Ufa!! É uma canseira! E como eu sou um bom velhinho, não posso falar um palavrão sequer. Às vezes deixo escapar algo como: Caralho! Aí os funcionários me lançam aquele olhar de reprovação. Eu respiro fundo e grito: Foda-se! Só em pensamento, é lógico!
E quanto às denúncias de que o senhor explora o trabalho infantil?
Tudo intriga. Apesar do tamanho, meus anões são todos, como diz o pessoal por aí, “de maior”. E de vez em quando pago uma rodada de cerveja pra eles, descolo umas mulheres gostosas, umas drogas maneiras e tal. Faço umas farras muito loucas. Pra falar a verdade, eu é que sou explorado por esses filhos-da-puta escrotos. Se eles se sentem explorados, que procurem o tribunal de pequenas calças.
E as renas?
Que é que tem as renas? Não me venha com aquele papo fodido de que eu assedio sexualmente as renas. Isso já rendeu! Já fui processado por uma rena safada dessas. Agora, estou movendo uma ação contra o sindicato delas por evasão de rena.
Quem merece receber presente este ano?
O advogado do Fluminense. Esse é mais influente do que o Sarney. E não vamos esquecer o Mário.
Que Mário?
Aquele que te pegou atrás do armário! Rô! Rô! Rô! Você ainda cai nessa, otário? Rô! Rô! Rô! Então pega aqui pra não cair mais! Rô! Rô! Rô!
Engraçadinho! Quem vai ficar sem presente este ano?
Os vândalos que se infiltraram nas passeatas e tentaram sujar o movimento.
O senhor tem posições políticas?
Claro! Você acha que, só porque sou um produto do capitalismo, tenho que ser alienado? Te liga, meu!
O senhor acredita no senhor?
Acredito em mim, em ET, em Saci Pererê, em gnomo e no Rubinho Barrichello. Sacanagem, cara! Vê lá se na idade em que estou eu vou acreditar em qualquer coisa nessa porra! E essa história de Natal já tá me enchendo o saco!
Quais as maiores dificuldades que o senhor encontra?
Além de ficar respondendo perguntas idiotas de repórteres imbecis, a maior dificuldade é visitar um país tropical como este, com toda esta roupa. Eu quase morro de calor! E ainda tenho que aparecer sorrindo nas fotos! Carái, véi!
Por falar em roupa, quem criou esse seu modelito ridículo, hein?
Foi o mesmo estilista que bolou a cor da calcinha da tua mãe, seu sacana! Tenha mais respeito, seu merda! E acabou a entrevista! Vai tomar no...
(Nossos repórteres conseguiram desligar o microfone a tempo de manter intacta a imagem de doçura do Papai Noel).
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