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quinta-feira, maio 29, 2014

NA COPA DO BAR DO ABREU (*)

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Por Isnard Lima

Entre os bares famosos de Macapá, desde o Elite Bar até o Gatto Azul, há de estar em primeiro escalão, o Bar do Abreu.

Vamos caminhar no tempo. Era noite ainda e adentrava num bar recém-inaugurado, na fronteira do Laguinho em um antigo açougue que pertencera ao Rodrigo. Estava acompanhado do poeta Alcy Araújo, que me avisava - esse bar vai ficar na história dos boêmios da cidade, Isnard. E ficou, mesmo. Isso foi em 1982. Era verão, dia 04 de agosto. Faz 20 anos. É o mais antigo, até agora. Naturalmente não se pode afirmar quanto tempo pode durar um bar.

Depende da época, frequentadores, da história, de uma série de fatores um tanto alcoolados, que não se fixam na pátina do tempo nem no verde-limo dos mármores.

O dono era um senhor de cabelos grisalhos – o Abreu, de Soure. O nome do bar foi idéia do jornalista Hélio Pennafor, já transitado. Nele entram e saem gerações de boêmios de todas as épocas e classes. Este que agora existe na FAB é o sexto. Passou por três bairros – Laguinho, Trem e Centro. É simples. Não lembra um Pub de Londres ou uma cantina de Nápoles, nem uma cervejaria de Berlim. É brasileiro e nele se toma cachaça, vinho, cerveja preta. Frequentam-no pessoas de todos os tipos sociais – estudantes, operários, jogadores de futebol, arrivistas, funcionários públicos, aposentados ou não, profissionais liberais e mulheres independentes.

Bar e restaurante bem simples, com comida sadia para todos os bolsos. Ambiente tranquilo, onde se paquera, namora, trata de negócios, políticas, futebol, artes, etc.

Em 1995, em dezembro, ao sair meu livro Malabar Azul do prelo do Rurap, o Abreu estava no Trem. Mas ao ambiente faltava o espírito inquieto e boêmio do Laguinho. O Abreu é cosmopolita. Abre até a madrugada, conforme o movimento. As garçonetes variam – quatro à noite, uma de dia. Prato simples – peixe, feijão com arroz, piracuru, carne grelhada, etc.

Freguesia cativa como poucas no Norte e Brasil. Há um grupo seleto e antigo de fregueses. Do compositor Fernando Canto à patota de turistas que se arrisca de vez em quando. Pessoas acima de 40 anos, tranquilas que esperam da Mira o tira-gosto do dia, enquanto chegam jornalistas, repórteres, escritores e poetas. Sempre tenho o meu pratinho feito. E meu crédito em pé. Ronaldo e Marquinho assumiram o comando, agora que o Abreu aposentou e foi descansar. Mas deverá estar presente no dia 04 de agosto, na festa maior do mais famoso dos bares desta terra dos tucujus, que bebiam bacaba. Um bar para ficar no coração de todo boêmio deste Estado equatorial. Não se sabe até quando. Talvez o poeta Isnard Lima ainda esteja por aqui quando ele um dia fechar e formos beber no Paraíso.

(*) Publicado no Diário do Amapá, edição de 22 de maio de 2002.


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