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quinta-feira, agosto 23, 2012

Eduardo e Mônica (versão para jornalistas)

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Eduardo e Mônica (versão para jornalistas)

Quem um dia irá dizer 
Que existe razão 
Quando se escolhe essa profissão? 
E quem irá dizer 
Que não existe razão? 

Eduardo abriu o livro, mas não quis nem estudar 
As teorias que os mestres deram 
Enquanto a Mônica tomava um esporro do editor 
No fechamento, como eles disseram. 

Eduardo e Mônica um dia se trombaram sem querer 
A fumaça tava forte, foi difícil de se ver 
Um carinha da facul do Eduardo que disse 
“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir” 
Gente estranha, festa de jornalista 
“Eu não tô legal, já fumei mais que devia” 
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais 
Sobre o mundinho que ele prometeu mudar 
E o Eduardo, com larica, só pensava em ir pra casa 
“A geladeira eu quero atacar”. 

Eduardo e Mônica trocaram seus e-mails 
Depois se escreveram e decidiram tuitar 
O Eduardo sugeriu um call no Skype 
Mas a Mônica queria ir pro Messenger teclar 
Se encontraram ainda lá no tal de Orkut 
A Mônica sem foto e o Eduardo sem cabelo 
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar 
Mas a menina escrevia com um zelo. 

Eduardo e Mônica eram nada parecidos 
Ele tinha ilusão, ela sabia economês 
Ela falava de finanças, cedebês e inflação 
E ele ainda maltratava o português 
Ela gostava do Basile, do Furtado 
Do Marx, do Stiglitz, do Yunus e Cournot 
E o Eduardo era um puta Zé Ruela 
E vivia dia e noite vendo site pornô. 

Ela falava coisas sobre a função social 
Também de lead e do pescoção 
E o Eduardo ainda tava no esquema 
Adorno, cerveja, truco e Enecom. 

E mesmo com tudo diferente 
Veio mesmo de repente 
Uma vontade de se ver 
Os dois sonhavam transar todo dia 
Só que dela a rotina era bem de foder (er-er). 

Eduardo e Mônica estudaram locução, assessoria 
Web, fotografia, pro CV melhorar 
A Mônica explicava pro Eduardo 
Coisas sobre fontes, off e formas de apurar. 

Ele aprendeu a escrever, pegou o gosto por ler 
E decidiu estagiar (não!) 
E ela até chorou na primeira vez 
Que ouviu a voz dele ir pro ar 
E os dois já trabalharam juntos 
E cobriram pautas juntos, muitas vezes depois 
E todo mundo diz que a vida foi malucamente bela 
Por ter juntado os dois. 

Construíram os seus blogs uns seis meses atrás 
Logo após que os passaralhos vieram 
Batalharam frilas, mendigaram geral 
Por muito pouco o fiofó não deram. 

Eduardo e Mônica viraram assessores 
Levantaram uma grana, já fizeram prestação... 
Só que a vida dura não vai acabar 
Porque na agência tem perrengue e a mesma ralação. 

E quem um dia irá dizer 
Que existe razão 
Quando se escolhe essa profissão? 
E quem irá dizer 
Que não existe razão? 


*Dica da jornalista (e querida amiga) Cíntia Souza. 

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