É um bocado imprudente comemorar um tricampeonato do Flamengo contrariando Jorge Ben logo na largada, mas o grande rubro-negro há de entender que os alquimistas não estão chegando. Eles já chegaram há muito tempo. Estavam todos na casa, uns brilhavam mais, outros menos, mas estavam todo ali mesmo. E não empolgavam. O ano que escorria por entre os dedos era medido em chatíssimos pontos corridos. Nossas esperanças eram das mais vãs.
Eis que uma fagulha refulgiu, foi o bastante para que o processo alquímico se iniciasse através da combustão da torcida. Que ardeu antes mesmo que o próprio time. Após longa ausência a Magnética voltou ao Maracanã na Copa do Brasil, com a responsabilidade de empurrar o time ladeira acima. Em mata-mata sangrentos onde os derrotados seriam deixados para trás, esquecidos.
Justamente na época em que o time estava mais pesado e difícil de dirigir. Foi então a vez do time entrar me combustão, e alimentado pelo gás da torcida, fez tudo que estava ao seu alcance. Como, por exemplo, passar o rodo em todo mundo que brotou na sua reta. O Flamengo simplesmente não fez reféns, eliminou a todos. Sem pênaltis, sem prorrogações, sem nenhuma presepada. O Flamengo chegou ao TRI vencendo todos os seus jogos em casa. Uma campanha irretocável que por nobreza e justiça deve ser dividida com a torcida.
A nossa terceira Copa do Brasil agora repousa em nossa estupidificante sala de troféus. Ela é a prova de que os alquimistas desse Flamengo entenderam a essência da Grande Obra. E transformaram um ano que se anunciava inevitavelmente de chumbo em um ano de ouro. Mas só os tolos acreditam que transformar chumbo em ouro seja o verdadeiro objetivo da Pedra Filosofal. Enquanto a química se dedica à transformação da matéria, o processo alquímico se dedica à transformação do Ser Humano.
E esse Flamengo é o TRICAMPEÃO porque soube se transformar tanto individual quanto coletivamente. Nenhum desses tricampeões é o mesmo homem que em Abril deram os primeiros pontapés na bola pela Copa do Brasil. Desacreditado, subestimado e nunca favorito, o Flamengo foi humildemente tocando o terror, sempre no sapato frenético. E foi o mais longe que se poderia ir.
Vejam o brilho das medalhas no peito destes admiráveis novos homens. Homens que encontraram uma maneira de deixar de cumprir o roteiro que externamente tentavam lhe impor. Homens que, enfim unidos, partiram para reescrever as suas próprias histórias. E assim reservaram para eles o papel de mocinho que fica com a gatinha no final feliz. Conseguindo modificar não apenas as suas, mas também as nossas histórias. Porque nós nunca mais seremos os mesmos depois dessa conquista.
A alquimia não pode parar. No Flamengo a busca pelo Elixir da Longa Vida nunca cessa. Nosso laboratório agora é a Libertadores 2014, onde chegamos, como quem não quer nada, antes de todos os times do Brasil. Sei que deve ser difícil, mas a arcoirizada vai ter que aturar. O Fuderoso Flamengo Master Açambarcador de Troféus é extremamente irritante para aqueles que não fecham com o certo. Preparem-se, infelizes, ano que vem estaremos ainda mais impossíveis do que já somos. Agora e só festa. Provavelmente vou sumir por uns dias.
Parabéns, Nação Rubro Negra. Conosco ninguém pode.
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