A origem das histórias em quadrinhos é controversa, assim como todos os movimentos artísticos e culturais gerados pelas sociedades humanas, ainda mais se tratando de um meio de comunicação de massa, por isso definir com exatidão exige-nos pensar no homem pré-histórico, que usava de desenhos para se comunicar. Os homens de Cro-magnon, descendentes do homo sapiens são precursores no que diz respeito à utilização de ilustrações ou imagens em sequência como forma de narrativa comum a humanidade. Sociedades como a civilização babilônica, desenvolveram técnicas de escrita baseadas na utilização de gravuras; a sociedade egípcia teve como característica a criação de longas narrativas compostas por desenhos em pirâmides. Didaticamente as histórias em quadrinhos nasceram em 1895, nos Estados Unidos da América com o jornal “New York World”, onde o mesmo trouxe o primeiro personagem desenvolvido para o gênero e que trazia frases escritas em sua camiseta. A primeira tira em quadrinhos da história trazia um garoto asiático chamado Yellow Kid (Garoto Amarelo). Criado pelo ilustrador americano Richard F. Outcault, Yellow Kid, um garoto comum que satirizava situações da cidade de Nova York e o cotidiano de uma metrópole ainda em construção. Foi com Yellow Kid, que um dos principais elementos das HQs foram incorporados às histórias: os balões de fala. Antes dos balõezinhos, os textos eram escritos em forma de legendas que acompanhavam as cenas, desde então os balões de fala se tornaram um valioso recurso narrativo, além de possibilitar ao leitor se aprofundar nos pensamentos e características dos personagens.
Umas das grandes questões que sempre deve ser levado em conta com relação as HQs estão nas mensagens que estas repassam. As histórias em quadrinhos desde seu nascimento, são uma forma de comunicação e, portanto, uma forma de enviar mensagem. Por meio das imagens desenhadas, das palavras e diálogos, da representação pictórica, os quadrinhos manifestam valores, sentimentos e concepções. Percebendo todo esse potencial comunicativo das HQs as grandes empresas trataram o mais rápido de aderir a este valioso meio de comunicação de massa. A competição entre os grandes jornais para atrair leitores-consumidores motivou o avanço das HQs, posteriormente, os Syndicates e, por fim, grandes empresas produtoras, tal como as fabricas de super-heróis, DC Comics e Marvel Comics. A dinâmica do mercado consumidor, as mudanças sociais e históricas provocam alterações no processo de produção das HQs. Os heróis e super-heróis dos quadrinhos foram mobilizados para combater o nazismo na segunda guerra mundial, tal como Tarzan, agente secreto X-9, Dick Tracy e vários outros. Outros foram criados justamente neste contexto e com este objetivo, tal como o Capitão America.
Desde o surgimento da reprodução gráfica na Europa, o texto impresso é acompanhado pela ilustração. No entanto, essas ilustrações serviam apenas como retórica ao texto escrito, enquanto, nos quadrinhos, em seu estilo já consagrado, a comunicação da imagem antecede a textual, isso quer dizer que pode existir quadrinhos sem diálogos algum, ou mesmo sem texto algum, criando palavras com o desenrolar das ações dos personagens. Mesmo com as inúmeras qualidades inerentes as HQs, estas ainda são menosprezadas e desvalorizadas enquanto objeto de estudo. Só a partir do início deste século que um conjunto de pesquisadores começaram a se debruçar sobre elas e buscar sua explicação, tais como sociólogos e semiólogos. Para o sociólogo Nildo Viana “as HQ são percebidas com preconceito como objeto de estudo devido ao preconceito anterior ao seu caráter de ‘cultura inferior’, voltado para crianças e jovens, sendo, para alguns, uma pseudo-arte, um mero produto da cultura de ‘massas’, com toda negatividade desse termo” afirmou o sociólogo.
Desde a década de 80 que as HQS vêm ganhando ainda mais notoriedade com histórias e tramas sólidas e narrativas que combinam linguagem de outros meios e a agregação de simbolismos da literatura mundial. Alan Moore e Grant Morrison sem dúvidas são os maiores responsáveis por essa propagação de uma linguagem mais rica em conteúdo, símbolos e até mais cientifica, dialogando até com teorias da física quântica. Com todo esse potencial ideológico e cultural é uma tremenda estupidez ignorar esse meio de comunicação, seja através de objeto de estudo ou por mera apreciação.
Adnoel Pinheiro é jornalista, amante de quadrinhos e amigo deste blogueiro. Fizemos faculdade de Comunicação Social juntos e gosto do que o cara escreve.
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