Por André MontAlverne
Há canções que nos marcam para sempre, que penetram na nossa pele e ficam eternamente tatuadas na nossa alma. Há canções que não se esquecem. Nunca. Talvez por estarem intimamente ligadas a momentos importantes, acontecimentos marcantes, sensações únicas e emoções intensas. "LOSING MY RELIGION", do R.E.M., é uma dessas canções.
A canção Losing My Religion foi lançada no dia 19 de Fevereiro de 1991, nos Estados Unidos (EUA), como a segunda faixa do excelente álbum "Out Of Time". Esta é a música de maior sucesso na história da banda e foi vencedora de dois prêmios Grammy.
O álbum "Out of Time" projetou definitivamente a banda para o mundo e carrega toda a carga folk que se tornaria a característica principal do REM, com o uso de bandolins, órgãos, percussões e outros instrumentos acústicos.
Losing My Religion foi o "carro chefe" do álbum, e o sucesso da canção, inicialmente, se deu na mesma medida em que ela foi criticada por todos os lados. Pelos fundamentalistas de todos os credos, que não haviam entendido a verdadeira mensagem da música.
“Losing My Religion” é uma expressão usada no norte dos Estados Unidos como sinônimo de perder a esperança, especialmente nas pessoas. Michael Stipe (Lider do R.E.M.) declarou, em entrevista à revista Rolling Stone americana, que a música não trata de religião, mas sim de obsessão.
Losing My Religion, que segundo Michael Stipe foi composta em apenas oito minutos, sustenta boa parte de seu atrativo no inconfundível bandolim que o guitarrista Peter Buck estudava na época.
Com o estrondoso sucesso a banda optou por um caminho diferente e resolveu não fazer turnê para esse disco, procurando evitar os efeitos desgastantes da turnê do álbum anterior (Green).
A escolha da banda foi fazer apenas apresentações esporádicas em rádios e um acústico para a MTV. Fato este que atraiu a admiração de kurt Cobain, não tanto pela influência musical, mas pelo modo como o grupo conseguiu resistir ao furacão de se tornar um sucesso internacional com Losing My Religion sem que seu trabalho musical se diluísse e nem permitindo que sua imagem se deteriorasse em modismos.
Mas mesmo assim, o a avalanche do sucesso era inevitável e Michael Stipe chegou a afirmar numa entrevista que só percebeu o impacto de "Out Of Time" quando perdeu a tranquilidade de passear por Nova York sem ser reconhecido.
Outro grande atrativo de Losing My Religion está no seu videoclipe, que difere da estética usual e na representação dos seus integrantes de modo inusitado. As cenas são inspiradas pelos quadros do artista italiano do século XVI, Caravaggio.
Alguém pensa nestas imagens quando escuta a música? Certamente não, mas aí está o grande trunfo do clipe que poderia ser o de qualquer outro.Associar letra, som e imagem exige, sem dúvida, um esforço de fuga de obviedades. Como seria óbvio demais se aparecesse um rapaz virando a esquina no verso "That's me in the corner". Para mim, um videoclipe deve ir mais além disso e atribuir novas significações à música que por si só já é cheia de significados.
É o caso de Losing My Religion, no qual os integrantes da banda aparecem de três formas: Como operadores de iluminação, como personagens pertencentes ao imaginário religioso e sobre o "palco", no qual não somente cantam, como também atuam. Existe também um forte apelo gay nas imagens, também presente na obra do pintor. Inclusive há quem interprete a música como uma forma de “sair do armário”, ou seja, como se o narrador fosse um homossexual se assumindo como tal.
Eu nunca interpretei dessa maneira embora, reconheça a estética gay bastante óbvia nas imagens do vídeoclipe. Eu sempre ouvi e vi Losing My Religion como uma "canção-reza" que faz bem ouvir a qualquer hora e em qualquer ocasião.
Losing My Religion é, de fato, uma das melhores músicas dos R.E.M. e, já agora, permite-me a audácia de afirmar que é uma das melhores músicas dos últimos 20 anos. É viciante, contagiante, inesquecível. Este vídeo é clássico, e sem dúvida nenhuma um dos mais belos clipes de todos os tempos.
Losing My Religion (Perdendo Minha fé) - R.E.M.
Oh, a vida é maior
É maior do que você
E você não sou eu
Os caminhos por onde irei
A distância em seus olhos
Oh, não, eu falei demais
Eu causei tudo isso
Aquele sou eu no canto
Aquele sou eu no centro das atenções
Perdendo minha religião
Tentando me igualar a você
E eu não sei se eu consigo fazer isso
Oh, não, eu falei demais
Eu não disse o suficiente
Eu pensei ter ouvido você sorrir
Eu pensei ter ouvido você cantar
Eu acho que pensei ter visto você tentar
Cada sussurro
A cada hora acordado
Escolhendo minhas confissões
Tentando ficar de olho em você
Como um tolo magoado, perdido e cego
Oh, não, eu falei demais
Eu causei tudo isso
Considere isto
A dica do século
Considere isto
O deslize que me deixou
De joelhos, fracassado
E se todas essas fantasias
Se tornassem reais
Agora eu falei demais
Eu pensei ter ouvido você sorrir
Eu pensei ter ouvido você cantar
Eu acho que pensei ter visto você tentar
Mas aquilo foi apenas um sonho
Aquilo foi apenas um sonho
Aquele sou eu no canto
Aquele sou eu no centro das atenções
Perdendo minha religião
Tentando me igualar a você
E eu não sei se eu consigo fazer isso
Oh, não, eu falei demais
Eu não disse o suficiente
Eu pensei ter ouvido você sorrir
Eu pensei ter ouvido você cantar
Eu acho que pensei ter visto você tentar
Mas aquilo foi apenas um sonho
Tentar, chorar, por quê, tentar
Aquilo foi apenas um sonho
Apenas um sonho, apenas um sonho, sonho
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