Crônica de Ronaldo Rodrigues
Amanhã sem falta vou subir a montanha e, contemplando o mar, vou gritar ao universo o que vim fazer neste planeta.
Amanhã sem falta vou destruir as muralhas que separam as pessoas e dar a elas a esperança do fim da discórdia e da derrota.
Amanhã sem falta vou caminhar pelas alamedas do Calvário disposto a retirar da cruz aquele homem cabeludo e barbudo, ensaguentado e incompreendido.
Amanhã sem falta vou me deixar de me importar com o fato de respirar o mesmo ar que os incompetentes e medíocres.
Amanhã sem falta vou encontrar um emprego que me garanta mais do que o pagamento das contas no fim do mês.
Amanhã sem falta vou ficar milionário e encher meus castelos de aparelhos eletrodomésticos que aliviam a solidão.
Amanhã sem falta vou libertar os pássaros aprisionados nas gaiolas de concreto.
Amanhã sem falta vou conclamar para a luta todos os deserdados da paixão e os fantasmas da loucura.
Amanhã sem falta vou partilhar o pão que Deus amassou com a lágrima e o suor do rosto de todos os encarcerados.
Amanhã sem falta vou libertar a tempestade de fogo sobre Sodoma e Gomorra até que não sobre qualquer indício de pensamentos maléficos.
Amanhã sem falta vou terminar esta crônica.
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