Por Sônia Canto
Uma leitora inveterada, na ânsia de absorver mais e mais conhecimento, acumula livros, revistas e jornais, um calhamaço de papel, que dada a exiguidade do espaço, é primordial, pelo menos uma vez por ano, reservar um tempo para selecionar aquilo que vale a pena guardar e o que pode ser descartado.
É exatamente nesse momento que me encontro. Olhando velhos jornais, velhas revistas, relendo artigos. É muito difícil precisar quando aquele artigo interessante vai ser necessário, ou determinar se aquela notícia lida um ano depois passou a se constituir um fato histórico e aquele jornal deixa de ser apenas um periódico para se transformar num documento de valor para a História.
Metódica que sou, reservo pelo menos uma hora do meu dia para essa tarefa. Ao final deste período invariavelmente a pilha a ser preservada é sempre maior que a que selecionei para ser descartada.
Numa dessas vezes um texto me chamou a atenção: é de autoria de Daniel C. Luz e foi publicado em agosto de 2005 na revista Qualimetria, uma publicação da FAAP, Fundação Armando Álvares Penteado e discorre sobre a inveja.
Um dos sete pecados capitais, a inveja nunca incomoda o pecador, já que ninguém assume o fato de ser invejoso.
Desde a antiguidade a literatura é farta em ponderar sobre os malefícios da inveja. No artigo citado o autor nos fala da fábula de Esopo, quando um avarento e um invejoso, vizinhos um do outro, foram à presença de Júpiter, em seu oráculo fazer pedidos. O deus resolveu dar em dobro tudo o que lhe fosse pedido, esclarecendo, porém, que daria em dobro ao vizinho o que fosse concedido a um e a outro. O avarento pediu uma sala cheia de ouro, e conformou-se quando seu vizinho também foi agraciado. Já o invejoso pediu a Júpiter que lhe furasse o olho direito. Seu desejo foi realizado e seu vizinho avarento ficou cego dos dois olhos.
Como detectar a inveja? Olhe a seu redor. Pessoas bem sucedidas, seja no trabalho, na vida pública ou na vida pessoal são alvos dos invejosos. O invejoso geralmente perde grande parte de sua vida vivendo a vida de outros. Não percebe que aprimorar seus talentos é uma forma mais prazerosa de relacionar-se com seus semelhantes.
Deixo, agora, esta historinha abaixo para refletir. Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia para brilhar. Ele fugia rápido da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir. Fugia um dia e ela não desistia, dois dias e nada... No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra: - Posso lhe fazer três perguntas? Ela disse: - Não costumo abrir esse precedente, mas já que vou te comer mesmo, pode perguntar... – Pertenço a sua cadeia alimentar? –Não. – Fiz alguma coisa para você? – Não. – Então porque é que você quer me comer? A cobra respondeu: - Porque não suporto ver você brilhar...
Quantas pessoas não suportam o sucesso dos outros. Se, por exemplo, vêem uma casa nova, bem construída, nunca pensam no sacrifício de seus donos. Não só pensam como verbalizam que ela foi feita com dinheiro roubado. Se uma pessoa alcança o sucesso profissional, os invejosos buscam sempre uma forma de denegrir a imagem dela. Jamais agem de forma proativa.
Encerro aqui esta prosa com o último parágrafo de Daniel Luz: “A pessoa invejosa é uma pessoa doente que não suporta a si mesma, não suporta a sua imagem e somente consegue se olhar através do espelho do sucesso alheio”. Agora, que tal fazer um exame de consciência e expurgar esse pecado capital de você?”
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