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quarta-feira, novembro 10, 2010

Você também precisa de um tempo para pensar

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Depois que Lennon e Harrison partiram no rabo do cometa e Ringo prefere ficar meio sumidão, o único "besouro" que ainda arrebenta no mundo do rock é um senhor, de 68 anos, chamado Paul McCartney. Assisti a entrevista que Zeca Camargo fez com a lenda viva da música mundial, o jornalista estava nervosão, mas que eu fiquei com uma puta (desculpe, liberdade de expressão) inveja dele, ah eu fiquei. Leiam o que Zeca disse sobre o encontro:


Como disse meu amigo André Mont"Alverne: "Se eu tivesse uma foto com Paul McCartney, colocaria em um outdoor". Boto fé!

Você também precisa de um tempo para pensar

Como essa foto pode comprovar… aconteceu! Com efeito, fiz o que acho que posso chamar de a entrevista mais importante da minha vida. Não é exagero. Se as sugestões de perguntas para Paul McCartney que você mandou são algum termômetro, o nível de curiosidade e expectativa para um encontro desses pode ser sempre medido nas alturas. E se esse clima todo refletiu em você, convidado a participar dessa experiência “por tabela” (no post anterior, convidei todo mundo para fazer uma pergunta ao ex-Beatle) imagine o que se passava na minha cabeça, nas 24 horas que antecederam a entrevista…

Entre tantas pessoas que eu tinha receio de não corresponder ao que elas esperavam – tipo, algumas dezenas de milhões de fãs que estavam “loucos” para ver essa entrevista no Brasil – eu também estava atento para causar uma boa impressão nele mesmo: no próprio Paul. O sucesso de um encontro como esse, se minha experiência me ensinou alguma coisa, sempre depende dessa frágil intimidade e confiança – e até mesmo uma admiração reciprocamente platônica – que se estabelece entre entrevistado e entrevistador logo nos primeiros minutos de conversa.

Por isso, era sobretudo Sir McCartney quem eu queria agradar num primeiro momento – no sentido de deixar claro que ele estaria falando com alguém que, em primeiro lugar, o admirava profundamente; em segundo lugar, estava ali representando os anseios de uma legião de fãs brasileiros; e em terceiro, seria capaz de deixá-lo à vontade nos 20 minutos em que tínhamos pela frente.

Sim, foram pouco mais de 20 minutos no total – um tempo, eu diria, até generoso se compararmos com a média das entrevistas concedidas nesse universo do showbizz, onde 10 minutos é o de praxe (que sempre são diminuídos para oito, quando não seis minutos). Na hora ali, porém, a sensação era de uma eternidade – não no sentido de uma “tortura” (tipo: “o interrogatório durou uma eternidade”), mas como se eu me sentisse num hiato do tempo, suspenso, onde o encantamento era tamanho, que olhar para o relógio seria um exercício absolutamente desnecessário. Quase um insulto.

E pior (ou melhor?): cada vez que eu “despertava” e relembrava que estava diante de Paul McCartney (“o” Paul McCartney) e ameaçava “travar”, ele mesmo levava a conversa a um novo patamar de informalidade – como se desarmar minha ansiedade fosse sua principal missão naquela tarde.

Mas acho que já estou dando detalhes demais para um texto em que a proposta – como o título acima indica – não é exatamente falar sobre essa entrevista (isso é assunto para o próximo post), mas convidar você a parar um pouco e refletir sobre o que acaba de acontecer a sua volta. Já sabemos quem vai nos governar pelos próximos quatro anos, e independente de sua reação aos resultado final de ontem nas urnas – celebração, revolta, comemoração, decepção –, acho que o feriado veio em boa hora, ajudar cada um de nós a fazer uma pausa, para se situar nesse Brasil de hoje até 2014.

Não se preocupe – eu não enlouqueci. Este é um blog de cultura pop, onde política só tem vez se for possível fazer um cruzamento entre as figuras que concorrem ao voto popular e o que as pessoas gostam de consumir como cultura. Lamentavelmente (ou não), nenhum dos dois candidatos que disputavam sua preferência até ontem demonstrou – pelo menos até agora – ter esse “potencial pop”. Nada que pudesse ser comparado ao “Obama superstar” (e que, por isso mesmo, aqui mereceu um post), nem mesmo ao nosso atual presidente, que nos deixa em questão de semanas. Por isso nenhum deles justificou sua presença neste espaço, durante esse agonizante período de campanha eleitoral.

Porém, por menos pertinente que seja – sob o ponto de vista do pop – evocar pensamentos políticos neste feriado, eu mesmo, confesso, preciso desse momento de reflexão. E, acredito, você também. Assim, vamos ficar por aqui, com um post “daqueles curtinhos”… E na quinta-feira, prometo discutir à larga sobre os bastidores da entrevista com Paul McCartney (que você pode rever no site do “Fantástico”) – além de mais algumas histórias para te convencer de que esse lado da minha profissão é bem menos glamuroso do que você talvez imagina…


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