Por Ronaldo Rodrigues
Meu nariz cansou de mim. Diz que não sou digno dele. E propõe que nos separemos. Que eu fique com os olhos, que não aceitaram a proposta de ir embora. Que eu fique com a perna, com o pé. Que eu não conte com o dedão, que deve fugir na primeira bobeada. Uma topada serve.
Mas o que é isso? Meu nariz acaba de dizer, na minha cara, que vai embora e ainda instiga a debandada de todos os meus órgãos!
Segurei os óculos imediatamente. Temi que a orelha, dando ouvidos ao nariz, se evadisse, levando os óculos pra, sei lá, ter uma companhia, no mínimo.
Eu estava de mãos atadas com aquela situação e espero não vê-las dando aceno de despedida e se juntando ao nariz naquela tresloucada deserção.
Como vou negociar com meu nariz se tenho apenas 16 anos, não tenho a chave de casa, ainda não ganho o meu sustento?
Como vocês podem ver, eu não sou dono do meu nariz.
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