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quarta-feira, novembro 21, 2012

Discos que formaram meu caráter (Parte 2) - Raimundos (1994)

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Por Marcelo Guido

Então amiguinhos, estamos aqui de novo para falar de mais uma bela “bolacha”, que com certeza vez muita gente assim como eu também botar a cabeça pra balançar, poguear e pirar conforme a música.

O disco em questão trata-se de “Raimundos”, primeiro álbum da banda homônima (qualquer semelhança com Ramones, não é mera coincidência) que veio do Distrito Federal dar uma nova cara para o Rock Brazuca, no começo dos já longínquos anos 90. 

O momento histórico da música brasileira não era lá aquela maravilha, diga-se de passagem, sertanejo e um tal de “new pagode” tomavam conta de todas as paradas musicais naquela época, realmente era um verdadeiro cenário de terror para os fãs do velho e bom rock and roll.

As bandas nacionais sobreviventes dos anos 80 já se encontravam naquele esquema de “vamos fazer um disco conceitual, e sair em turnê para tocar o que a gente já gravou”, patético. (Menção honrosa para os excelentes “Descobrimento do Brasil de 93 da Legião Urbana e “Titanomaquia” dos Titãs também do mesmo ano”).

Nesse sombrio cenário vê que aparece do cerrado, quatro moleques que falam palavrão a torto e a direita, trazendo uma energia que faltava para aquele angu enjoativo que se tornou a música brasileira.

Produzido pelo Carlos Miranda e lançado pelo selo “Banguela” dos Titãs, “Raimundos” chegou fácil a 150 mil copias. Além disso, o álbum foi inovador por mostrar para nós o “forrócore”, a mistura do forró tradicional com o hardcore, coisa nunca tentada antes.

Meu primeiro contato com o disco foi através de meu grande amigo, Adriano Bago (que hoje também é um Guarani Kaiowa), que em um esquema “brodagem” me presenteou com uma fita gravada onde se encontrava a balada de duplo sentindo “Selim”.

Quando ouvi aquilo pela primeira vez pensei: “Que porra é essa???”. Tratava-se de algo inovador, os versos da canção que diziam “Eu queria ser o banquinho da bicicleta, pra ficar bem no meio das pernas..” era tão novo que me fazia lembrar que ser o caderninho da menina já estava muito ultrapassado. Aquilo sim era Rock, ou melhor, aquilo eu queria ouvir.

Recheado de palavrões chegou de dois pés e colocou os caras no cenário nacional que era muito difícil na época, já que não tinha ninguém dançando de shortinho coreografias pré-ensaiadas.

O disco mostrou de cara que a banda tinha muito a dizer, o que se tornaria fato no decorrer da década, “Puteiro em João Pessoa” abre o disco contando logo historia de uma transa adolescente (virou quadrinho nas mãos do Angeli),  vai para “Palhas do Coqueiro”,”MM`S”, que tem a participação do João Gordo, “Nega Jurema” que vem descendo a ladeira  trazendo uma sacola de Maria “Tonteira”, enfim um discaço.

Antes de tudo, é importante falar que o disco remodelou o cenário musical e influenciou praticamente todas as bandas que se formaram depois na década de 90. Considero “Raimundos “como obra fundamental porque a molecada mandou à merda todos os conceitos reinantes na época, com suas guitarras barulhentas pra caralho (será que posso usar esse termo no blog do Elton ?), letras sujas e bateria passado por cima de tudo com muito orgulho. Foda-se a surdez (opa de novo). 

“Puteiro em João Pessoa, MM`S, Be-a-bá”, “Marujo”, “Selim”, realmente entraram no gosto da garotada que estava na rua nos anos 90.“Raimundos” nos mostrou também, que não era mais legal parecermos ingleses como nos anos 80, que legal mesmo era chamar o Zenilton pra tocar....“Por isso que o Raimundos nunca vai se acabar”

* Marcelo Guido, é Punk, Pai, Jornalista, Professor e Marido...Joga na cara do Kookimoto Mira até hoje, o fato do mesmo ter assinado a parada pra eu ser expulso da escola. 

Um comentário:

  1. Velho, eu não tinha lido ainda esse texto. Enquanto eu lia, ficava arrepiado lembrando dessa época do surgimento da banda no cenário nacional. Esse disco realmente mudou a história do rock nacional.

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