Chapeuzinho Lilás e Lobo Blau estavam nus, passeando pelo bosque. Suas roupas ficaram próximas ao lago, onde haviam passado a manhã inteira, em doces brincadeiras de mergulho, se procurando com ansiedade e se encontrando com sofreguidão.
Escolheram um lugar bastante aprazível, entre árvores cúmplices de vários amores.
Estenderam a toalha que Chapeuzinho Lilás trouxera da casa da avó. Estavam completamente despreocupados com a possibilidade de ser vistos. Tinham resolvido que naquele dia assumiriam seu amor proibido e ficariam juntos para sempre, de maneira que ninguém pudesse interferir.
Com movimentos lentos, ritualísticos, Chapeuzinho Lilás abriu a cesta e retirou uma garrafa de mel. E passou a lambuzar os corpos dos dois amantes, entre beijos e ridos de êxtase.
O Lobo Blau abriu outra garrafa e despejou em volta uma colônia de formigas vermelhas, que passaram a trafegar pela toalha, com finalidade estratégica.
Depois, Chapeuzinho Lilás e Lobo Blau se abraçaram, se beijaram, gemeram e gozaram em meio ao mel e às formigas que começavam a devorá-los.
Ronaldo Rodrigues
No Response to "Piquenique (conto de Ronaldo Rodrigues)"
Postar um comentário