Um erro bem comum na imprensa é o de concordância.
O editor não concorda em dar mais espaço para a matéria. Nem menos. Problema do repórter. Se vira, meu amigo. O motorista do carro do jornal não concorda em ir mais rápido para a pauta, afinal a cidade está cheia de radar de velocidade e quem é que vai pagar a multa depois, hein?
O entrevistado não concorda com a pergunta. O entrevistado não concorda com os números apresentados pelo repórter. O entrevistado não concorda com mais isso e aquilo. O entrevistado não concorda com porra nenhuma!
Fotógrafos não concordam com restrições à sua liberdade de trabalho e, mais, não concordam com restrições orçamentárias que afetam os almocinhos para a imprensa. O jornal impresso não concorda com o bullying que vem sofrendo nos últimos tempos. O deadline não concorda com o fato de vez ou outra eu ter meus bloqueios criativos.
Jornalistas geralmente não concordam com a linha editorial dos jornais em que trabalham, mas quem é o mais forte aqui na história? Os namorados e as namoradas de outras profissões nunca concordam com os nossos plantões de domingo. O meu pobre estômago, tadinho, não concorda com minhas refeições regulares a cada seis ou sete horas, mas o que eu posso fazer?
O texto bem-apurado, bem-escrito, aprofundado não concorda com o esquecimento a que foi condenado. Ninguém mais o procura, telefona, manda um e-mail. Jornalistas têm a mania de não concordar com nada, principalmente com os demais seres humanos deste planeta que ousam ter opiniões discordantes das suas.
O maior erro de concordância é ser banido por não concordar com a frase: manda quem pode obedece quem tem juízo. Esse é o problema. Aliás, o grande problema. Nunca tive juízo quando é para fazer o que não é correto. E se faz uma vez, nunca mais vem parar de fazer o que errado para se redimir com o que é certo. E aí surge a frase como antídoto consolodor para essa gente: todo mundo faz porque eu também não posso fazer?
ResponderExcluirBom, para quem é do time de todo mundo, é natural. Mas jornalista quando perde a dignidade, NUNCA mais a encontra. Este é o grandioso erro de concrdância.