SOBRE O U2 NO BRASIL - ÚLTIMA PARTE

Por André Mont`Alverne

Eu tinha dito em um dos meus últimos textos que a falta de comentários no texto do U2 não tinha me desmotivado. Mas tenho que confessar que isso não é verdade, a falta de motivação existe. Mas não é pela falta de comentários e sim pelo fato de ter que lembrar e escrever sobre uma coisa que está acontecendo e, dessa vez, eu não estou no meio.

Mas em consideração a minha palavra e também as pessoas que lêem o que eu escrevo, vou acrescentar mais algumas poucas palavras nesse árduo ritual de alto flagelamento.

Hoje uma mistura estranha de alegria e tristeza toma conta de mim. Alegria por saber que logo mais alguns amigos e irmãos vão finalmente poder sentir na pele aquilo que tanto falei ao longo dos anos. A tristeza é por não poder presenciar esse acontecimento tão único e ter a oportunidade de olhar nos olhos de alguns e dizer "Eu te disse". Isso sem falar que, definitivamente, é mais doloroso quando se sabe o que tá sendo perdido.

Mas como bom Rubro Negro que sou, não vou ficar nesse chororô. Não faz parte da minha natureza.

Com a autoridade de quem ouve, ou ouviu quase tudo dentro do que é, ou não, considerado rock. De Elvis a Arcade fire, de Ramones a Dream Theater, de Led Zeppelin a Oasis, de Beatles a Strokes, de Nirvana a Belle and Sebastian, de Legião a Replicantes e etc. etc. Bem, com a autoridade que me foi concebida, por mim mesmo (risos) diga-se de passagem, eu afirmo, mais uma vez, que o U2 está entre as melhores e maiores bandas de rock de todos os tempos.

Eu poderia facilmente discorrer aqui sobre os fatores que são, ou deveriam ser, determinantes para afirmar isso com mais propriedade como: a longevidade, consistência, influência, inovação, relevância das letras, habilidade, performance e identidade própria. Mas como sou um fã do U2 como poucos, apenas digo que ser fã é como ter fé. Não precisamos provar nada pra ninguém, o importante é o que sentimos e ponto final.

E sentir o U2 ao vivo é uma coisa pra guardar pra vida toda. É bem verdade que hoje os shows internacionais no Brasil já não são como antes, não existe mais aquela sensação de nos levava a dizer "Só acredito vendo!". Isso é bom, entramos definitivamente na rota dos grandes espetáculos e devemos nos acostumar com isso cada vez mais.

Mas com o U2 ainda é diferente. Realmente é difícil traduzir em palavras o show dessa banda. Eu sempre disse que todos deveriam ver o que é isso, pelo menos, uma vez na vida, mesmo quem não gosta de rock and roll porque no final das contas, esse evento vai além da música e além dos músicos. É uma celebração, acima de tudo, do público.

Existe um palco que lembra uma nave alien, um telão que estica até o chão, luzes e imagens que hipnotizam qualquer cidadão. Mas por incrível que pareça, tudo isso se torna secundário diante da emoção das pessoas que esperaram muito por esse momento. Pessoas que dormem em barracas na frente do estádio, pessoas que choram e se ajoelham levantando as mãos pro céu agradecendo por estar fazendo parte desse acontecimento. No final, são esses momentos que ficam vivos na memória.

Bom, acho que já fui longe demais nessa tortura. Quero dedicar essas palavras para os meus irmãos Lênio e Bruno e para os amigos Emerson, Elton, Fábio e Paulo e dizer que essa noite, vocês vão estar no melhor lugar desse planeta. Desejo do fundo do coração que eles decidam incluir Ultraviolet (Light My Way) no microfone luminoso pra vocês. Grande abraço!