Crônica de Ronaldo Rodrigues
Será que é só comigo? Ou será com todo mundo? Hoje de manhã foi assim. Todo mundo que passava por mim na rua fazia uma cara estranha. Me senti scanneado várias vezes, os olhos das pessoas me virando pelo avesso, vasculhando a minha alma. Alguns até falaram coisas a meu respeito entre si. Outros falaram mesmo se direcionando a mim, com frases que não fiz questão de escutar, mas me pareceram ofensivas, a julgar pela expressão facial dos falantes.
E hoje é segunda-feira, dia que acredito ser de recomeço, de astral elevado para enfrentar a semana. Me vesti até com mais apuro que de costume. Coloquei uma camisa social, penteei os cabelos, calcei uns sapatos pouco surrados. Ih! Vai ver foi isso! Agora entendo. Me desculpem aqueles que me querem sempre esculhambado. É terrível criar um estilo sem estilo. E às vezes precisar violar um pouco minha imagem violada. Precisar me sentir participante dessa sociedade uniformizada e uniformizante. Precisar conformar minha rebeldia aos padrões estéticos da maioria, das pessoas aceitas, dos adaptados.
Mas a segunda-feira prossegue e os olhares atravessados e as palavras depreciativas não poderão me deter. Eu, sim, vestido novamente com meus farrapos, posso desafiar os modelos de conduta social e até me dar o direito de não mandar ninguém se foder.
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