Um submarino viaja atravessando os esgotos da cidade. Vez em quando, sempre que descobre um bueiro, mete por ele o periscópio e fica olhando cá pra fora. E vê que aqui fora tem muito mais lixo que dentro dos esgotos.
Sem sono/ sem sonho, atravesso a madrugada. Navego no ego, à deriva. Atravesso um oceano de insônia. Navego sem balsa, sem bálsamo, a nado, sem nada no bolso. Sem alcançar horizonte, sem alçar vôo. Amanheço a esmo. Permaneço o mesmo.
Um enfermo, um vampiro, um sábio chinês. Olhando-os rapidamente percebo serem as faces de uma mulher que se recusa envelhecer.
Papai Noel passeia pelas ruas desertas da cidade. Como/onde achar um bar aberto a essa hora da madruga?
Os dedos passeiam pelas cordas do violão. Pelo buraco saltam golfinhos verdes, azuis, brancos, laranjas... e ficam nadando na partitura.
Olhos atentos do cyborg na silhueta de Marilyn.
O balão estoura: bolhas de sabão no ar, cacos de vidro no chão.
A lágrima do olho esquerdo do palhaço cai no centro do picadeiro. Dela nasce uma flor gigantesca de onde saltam peixes e cristais.
Na mais movimentada avenida da metrópole os arranha-céus se movimentam em direção ao iceberg. O naufrágio é inevitável.
Em frente ao computador os dedos pressionam as teclas. As impressões digitais ficam impressas no monitor.
Ronaldo Rodrigues
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