Uma crônica por dia. É a tarefa que me impus. E até que tenho dado conta do recado direitinho, devo admitir.
Imagino-me, guardadas as proporções, um desses cronistas com coluna no jornal, que precisa escrever todo dia para garantir o pão, ou a dose de uísque, de cada dia, o cigarro de cada noite.
Tenho me esforçado para atingir esse intento, que não chega a ser uma promessa. É uma intenção, apenas. Talvez nem tenha talento suficiente para manter um número razoável de crônicas com qualidade mínima.
Não tenho a pretensão de me igualar a Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos ou, pobrezinho de mim!, Rubem Braga, mestre supremo desse gênero que transforma fatos corriqueiros em verdadeiros vislumbres de humanidade e poesia.
A crônica é um gênero autossustentável. Explico: podemos escrever sobre o tema que se apresentar e, quando esse tema não surgir, o tema será a própria falta de tema, o assunto será a falta de assunto. Fácil, não? É o que parece. Escrever é sempre difícil.
Drummond fala, em um de seus poemas, sobre o verso que está na mente e a caneta não consegue escrever. O que torna o ato de escrever tão fascinante é justamente essa característica: não sabermos se aquilo que está escrito em nossa cabeça pode ser escrita no papel, se vamos encontrar a palavra certa, encaixar o termo que pulsa em nosso coração e que nem sempre estará à disposição de nosso intelecto.
Como o Elton Tavares abriu este espaço para mim, vou continuar cometendo as minhas crônicas e enfrentar a fúria dos leões, alguns críticos mordazes que andam (ou rastejam) por aí.
Termino citando o já citado Drummond: “Lutar com palavras / é a luta mais vã / entanto lutamos / mal rompe a manhã”.
Paciência comigo, gente. Valeu!
Ronaldo Rodrigues
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