Jornalista sente um friozinho na barriga.
Quando começa a faculdade cheio de incerteza.
Quando sonha com o TCC.
Quando cai todo cru no mercado de trabalho.
Quando vai para a primeira pauta da vida.
Quando faz uma entrada ao vivo na TV.
Quando se aventura pelo jornalismo diário.
Quando escuta o chefe berrar “voa pro incêndio na favela agora”.
Quando o motorista doidão do jornal anda a 120km por hora para chegar à favela.
Quando vê o deadline estourando. E o bloqueio não ir embora.
Quando entra com uma microcâmera escondida (não me pergunte onde) no gabinete do vereador corrupto.
Quando chega a sua vez de fazer a pergunta na coletiva lotada.
Quando fica de frente com o seu ídolo da música para uma entrevista.
Quando precisa usar o inglês meio enferrujado.
Quando o namorado(a) vai emitir uma opinião sobre a sua grande matéria.
Quando resolve malocar uma empadinha do brunch no bolso. Ou melhor, várias empadinhas.
Meu comentário: Faltou uma situação: quando entra em um monomotor pra cobrir pauta no interior. É pavoroso!
E aí, rapaz, diz o editor com aquele ar que sabe tudo e tudo pode: fez a entrevista com o vereador corrupto?
ResponderExcluirNão, professor. Mataram o homem antes.
Fez a foto do morto, entrevistou alguém, falou com o detetive responsável, sabe a causa, quem foi o provável assassino? Alguém viu algo suspeito, viu o telefone celular dele para saber quem foi o último contato. Ei, perái? O Senhor pautou para entrevistar o homem, se ele morreu, eu não tenho nada a ver com isso, não vi, não sei e não quero encrenca com a polícia nem com esses bandidos. Tá pensando que sou detetive ou homem de aço? Desabafou o foca, meio confuso com tantas indagações.
O editor nem precisou despedi-lo. Ele foi a uma lan house cutucar as redes sociais para saber do crime.
Você arranja cada repórter,meu rapaz.
Édi Prado