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quinta-feira, setembro 20, 2012

Frio na barriga do jornalista

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Jornalista sente um friozinho na barriga.

Quando começa a faculdade cheio de incerteza.

Quando sonha com o TCC.

Quando cai todo cru no mercado de trabalho.

Quando vai para a primeira pauta da vida.

Quando faz uma entrada ao vivo na TV.

Quando se aventura pelo jornalismo diário.

Quando escuta o chefe berrar “voa pro incêndio na favela agora”.

Quando o motorista doidão do jornal anda a 120km por hora para chegar à favela.

Quando vê o deadline estourando. E o bloqueio não ir embora.

Quando entra com uma microcâmera escondida (não me pergunte onde) no gabinete do vereador corrupto.

Quando chega a sua vez de fazer a pergunta na coletiva lotada.

Quando fica de frente com o seu ídolo da música para uma entrevista.

Quando precisa usar o inglês meio enferrujado.

Quando o namorado(a) vai emitir uma opinião sobre a sua grande matéria.

Quando resolve malocar uma empadinha do brunch no bolso. Ou melhor, várias empadinhas.

Meu comentário: Faltou uma situação: quando entra em um monomotor pra cobrir pauta no interior. É pavoroso! 

Um comentário:

  1. E aí, rapaz, diz o editor com aquele ar que sabe tudo e tudo pode: fez a entrevista com o vereador corrupto?
    Não, professor. Mataram o homem antes.
    Fez a foto do morto, entrevistou alguém, falou com o detetive responsável, sabe a causa, quem foi o provável assassino? Alguém viu algo suspeito, viu o telefone celular dele para saber quem foi o último contato. Ei, perái? O Senhor pautou para entrevistar o homem, se ele morreu, eu não tenho nada a ver com isso, não vi, não sei e não quero encrenca com a polícia nem com esses bandidos. Tá pensando que sou detetive ou homem de aço? Desabafou o foca, meio confuso com tantas indagações.
    O editor nem precisou despedi-lo. Ele foi a uma lan house cutucar as redes sociais para saber do crime.
    Você arranja cada repórter,meu rapaz.
    Édi Prado

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