Texto e fotos: Paula Monteiro, do Portal Amazônia
Entre os mistérios e segredos de uma das regiões mais verdes do planeta, a Amazônia tem mãos milagrosas que ajudam a trazer vidas ao mundo. As parteiras substituem os médicos em regiões longes dos centros urbanos, como em comunidades ribeirinhas e quilombolas. A importância social e cultural das ‘mensageiras da luz’ estão retratadas em um dos novos espaços oferecidos no Museu Sacaca, em Macapá.
A ‘Casa das Parteiras’ retrata a rusticidade e a magia da realização de um parto normal sem a assistência de uma equipe médica ou o apoio da estrutura de hospitais. As ferramentas para a realização do procedimento são baseadas nas técnicas indígenas milenares, conhecimento sobre os efeitos das plantas medicinais passados por gerações e a fé refletida nas rezas.
O espaço tem uma réplica da casa de uma parteira tradicional e apresenta simplicidade em meio à selva: feita em madeira, poucos cômodos, ‘giral’ (espécie de prateleira construída na parede para guardar louças e outros apetrechos), espaço dedicado às imagens dos santos, uma antiga máquina de costura e um quarto para as futuras mamães receberem seus bebês.
O visitante pode, ainda, conhecer um pouco da história das experientes parteiras logo na chegada. No pátio da casa uma escultura interage com o público quando a pessoa senta ao seu lado em um simples banco de madeira, através de um sistema de áudio.
A intenção é provocar a sensação de que uma parteira real está contando um pouco sobre a sua vivência nos partos, depoimento regado a curiosidades, suspense e aventura- com muita emoção. “Na parte interior temos um monitor que passa o depoimento de algumas parteiras, o que ajuda o visitante a entender melhor a importância dessa figura na Amazônia. No quarto, as esculturas representam o trabalho de parto com o som da grávida tendo o bebê para dar vivacidade à cena”, acrescentou a museóloga, Simone de Jesus.
A ‘Casa das Parteiras’ é resultado de pesquisas da equipe do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa). A ideia surgiu em 1998 com outro projeto sobre o mesmo tema. “Buscamos aproximar o público do Museu da sua própria realidade. A Amazônia deve ser conhecida e reconhecida dentro de sua cultura, em especial, na valorização dos povos da floresta”, afirmou Simone.
Leitura ao pé da árvore
O Museu Sacaca também abriu um espaço para incentivar a leitura. A ‘Sumaúma das Palavras’ é um espaço dedicado a fomentar a literatura em contato com a natureza. O visitante pode ler sob a sombra de uma árvore de samaúma (Ceiba pentrand). O local dispõe de bancos, esteiras e um quiosque com acervo variado. O leitor pode, ainda, levar a obra pra casa, basta preencher uma ficha, sem data para devolução. Doações de novas obras também acontecerão da mesma forma. O Museu Sacaca também recebe doação de livros.
O Museu Sacaca fica localizado na Avenida Feliciano coelho, bairro do Trem, na capital. O horário de funcionamento é de 10h às 18h, de terça-feira a domingo. A entrada é gratuita.
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