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segunda-feira, maio 21, 2012

Como a psicologia pode contribuir para a compreensão sobre a política?

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Em primeiro lugar é importante reconhecer a Natureza contraditória da política. O grande desafio da política é sair do particular e chegar ao coletivo. Isso também se aplica de certa forma à psicologia, pois é uma prática que deve levar o individuo à emancipação e à sensibilização das necessidades dos outros sujeitos com quem convive.Isto é, ser ele mesmo sem prejudicar o outro.

É uma postura que quebra com a dicotomia entre individual e coletivo, pois propõe a compreensão de interdependência entre essas dimensões. Individuo era chamado de Idion, idiotes = individuo absoltamente singular. 

Esta interpretação coloca um desafio para psicologia contemporânea que de certa forma sofre os impactos dessa dicotomia, e tem o mesmo desafio da política: sair do particular e chegar ao coletivo. É um erro pensar a psicologia para o individuo, assim como é um erro pensar a política para um individuo ou determinado grupo. É preciso entender a dialética entre o individual e coletivo e incorporar essa relação sem cair no erro “didático” da dicotomia. 

A política é má interpretada devido ao pensamento reativo ao invés de critico-reflexivo. É preciso o pensamento crítico, segundo Marco Aurélio Nogueira.

A política é movida pelo poder. Segundo Nogueira, ajuda a domesticar a arrogância e autoridade, pois é a organização das diferenças. Não necessariamente o poder que gera opressão, mas aquele que significa possibilidade de transformação/decisão. 

Nesse aspecto é preciso reconhecer as representações sociais de poder na sociedade capitalista, que em última analise é de natureza econômica. Queremos dinheiro, porque significa poder. Isso causa impactos importantes nas práticas políticas e na personalidade, no caráter, na qualidade dos sentimentos humanos, enfim no psiquismo. 

Desta forma, a psicologia se aproxima da política, no que diz respeito à organização de sentimentos e necessidades. A vida política de alto nível (crítica, participativa, preocupada com o coletivo) exige uma reforma pessoal séria, e isso só acontece com o reconhecimento das necessidades pessoais e coletivas numa relação dialética e de contínuos processos de superação das contradições implícitas nessa relação. 

Reforma pessoal é o que acontece num processo terapêutico. Daí a importância do trabalho do psicólogo. É preciso ter a consciência que estamos formando pedagogicamente cidadãos.

Debater sobre psicologia e política pública é reconhecer essa íntima relação e também privilegiar a suspensão do cotidiano da pratica profissional do psicólogo, que significa dizer, valorizar o ser humano na sua integralidade (bio-psico-social-político-espiritual).

Assim sendo é preciso assumir uma postura crítica diante de práticas (emancipatórias /assistencialistas), ênfases (curativo/preventivo) e possibilidades de transformações (não de reprodução da lógica de opressão).

O psicólogo deve atuar antes de tudo pela libertação do homem (mesmo que isso seja uma fantasia) e a significação de sua existência, e a política pública deve dar o suporte para que isto aconteça!

Janis

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