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quinta-feira, junho 28, 2012

Sociedade do Superego (parte I)

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Relação professor-aluno:

Na sala de aula vivo me questionando sobre qual é o real papel do professor. Cheguei até a ensaiar a diferença entre ser professor e ser educador. O primeiro segue as regras da relação com o aluno e as questiona pouquíssimo, um, para garantir sua autoridade, dois, para manter-se seguro e três deve ser também por alguma necessidade mais inconsciente.

O caso é que, por que é tão difícil sair do pedestal?

Bem, na minha opinião, um dos motivos deve ser o fato de vivermos na sociedade do superego, para quem faltou as aulas de psicologia superego é uma instancia psíquica que compõe a estrutura do aparelho psíquico, este formado também pelo Id (principio do prazer) e pelo Ego (mediador). O superego é a dimensão que vai se constituindo ao longo da vida (para alguns hehehe) que é regida pelo princípio do dever, ou seja, que reproduz as regras sociais e morais da sociedade.

Numa intervenção teatral que participei, e para facilitar a compreensão do grande público, ainda que caindo no perigo de resumir o conceito, se o superego tivesse uma fala ele diria: “Voce não pode”, “o que a sociedade vai pensar?”  ou “Isso é errado, ou isso é certo”. O Id por sua vez diria: “Eu quero, eu desejo...eu preciso”. Enfim, enquanto um quer realizar o seu desejo CQC, o outro tenta impedi-lo, censura-lo.

A partir dessa breve explicação sobre o conceito de Superego, que me perdoe Freud que dedicou a vida e produziu uma extensa obra sobre o assunto, eu repito a frase: vivemos numa sociedade do superego.

O que quero dizer é que estamos sempre precisando de alguém dizendo o que devemos fazer ou não. Estamos sempre requisitando as velhas formas de vigilância das quais falou Foucault. E ainda assim, falamos em liberdade, autonomia... Democracia!!!

Sinceramente, como podemos pensar em liberdade se não sabemos ser livre? Como falar em autonomia se precisamos sempre de alguém mostrando o caminho a seguir? Democracia nem se fale! Como podemos imaginar viver democraticamente se não respeitamos nossos opositores? Se não sabemos escutar e compreender que nas relações interpessoais há divergências de interesses e isso implica em de vez em quando EU ter que rever os meus para nos entendermos?!

Assim, sair do pedestal é sempre um movimento muito difícil e trabalhoso, pois vai nos colocar em um outro grau de relação com nossos alunos, e que nem sempre vai nos trazer boas experiências.

Janisse Carvalho

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