O vereador de Macapá, a Semana Municipal do melody e a imbecilidade.

Assumir preconceitos é osso, eu já disse aqui que sou “pregofóbico” (não suporto bacacas, pregos, idiotas e etc.) e intransigente quando o assunto é música. Sei que é politicamente errado julgar as pessoas e suas preferências. Ok. Mas daí concordar com a disseminação de entalado de mau gosto, vereança imbecil e leis de merda é demais. 

Vamos por partes. Em nosso Estado, a mídia auditiva dominante é o Tecno Brega, o tal “Melody”. A batida nos dá a impressão que estão tocando a mesma música. A musicalidade é de gosto duvidoso e foi importada, como várias outras coisas, do Pará. Entretanto, faz mais sucesso do que a dita Música Popular Amapaense (MPA) ou o Marabaixo, que são genuínas da nossa cultura. 

Hoje (29), soube que um iluminado vereador de Macapá propôs a criação da “Semana Municipal do Melody”, que, se a loucura for aprovada, será celebrada anualmente, na primeira quinzena do mês de junho. 

A argumentação do autor da infeliz proposta é: “buscar o fortalecimento da cidadania por meio da música e de atividades culturais que constituem um instrumento privilegiado no processo de formação e transformação dos jovens que vivem em situação de vulnerabilidade, é também importante ferramenta de inclusão social aos envolvidos com o Melody”. 

Como assim? A nossa capital tem tantos problemas e os vereadores poderiam se preocupar com tanta coisa mais importante. Aí aparece um cara e apresenta um Projeto de Lei destes. É como dizem: “seria cômico, se não fosse trágico”. 

Tudo bem que o grau de escolaridade, viagens, livros e o meio forjam nossa percepção de Cultura. Não culpo os que não sabem discernir o que lhe é imposto pelo voraz mercado fonográfico. Mas e o pessoal que é letrado, viajado? Com mandato então, esses que deveriam fazer algo. 

Não possuo conhecimento amplo sobre música, tudo que digo ou escrevo é baseado nos meus achismos e experiências de vida. Mas Melody é som medíocre, com letras infames, versos clichês e sonoridade repetitiva. 

Os que se dizem “ecléticos” (pessoas sem senso crítico musical ou opinião formada sobre música) irão adorar essa lei de merda. Aliás, eles são falsos liberais, que pregam a “gentebonisse” e no fundo são homofóbicos, racistas, xenófobos, etc. É, pequenas coisas fazem falta para muitos e eles nem percebem. 

Muitos já disseram que isso é uma limitação minha, se for, amo tais limites. Outros me chamam de preconceituoso, não acho. Na verdade, brinco e afirmo que o que tenho é conceito, isso sim. Afinal, se eu gostasse de Brega, Pagode e Sertanejo, universitário ou não, seria “eclético” (desculpa recorrente do mau gosto musical de 9 entre 10 amapaenses). 

Se você leu este texto e achou arrogante, é por que também está nesta esteira de montagem de babacas. Senão, está no mínimo rindo. Por fim, deixo claro que não tenho preconceito musical. O que tenho é conceito mesmo. Bom fim de semana pra vocês. 

Elton Tavares