Mais um dia comum, com jeito meio esquisito, de leitura difícil, como quem deve ou tem rabo preso. Não tenho álibi. Meu crime foi esperar que a vida fosse capaz de me surpreender e na tentativa de compreender isto lá se foi um litro de vinho e, do bom.
Não sinto mais nada, além da frustração de esperar por respostas que nunca chegaram... Como sempre, perdi a hora.
Queria um amor tranqüilo que me dissesse nas entrelinhas que sempre li tudo errado. Destacasse minha interpretação ruim.
Talvez as conversas não tenham me ajudado. Hoje o álcool não fez nenhum milagre, além de me anestesiar. Porque a vida dói e ao contrário de meus desejos mais ocultos, nunca ei de me acostumar.
Não sei o que quero da vida. Pronto! Admito!
Já desejei tanto e tudo que nem me pertenceu, me foi tirado. Agora o que vier é lucro.
Fiz as escolhas com meus dedos podres e colhi frustrações.
Conto em uma mão as verdadeiras amizades e no sorobã, as decepções.
Tive nome, reconhecimento, dinheiro e quis um amor maduro... Hoje não tenho nada.
Muito vinho sim, e daí?
Quem se importa?
Quantas vezes você fez a pergunta certa? E quantas se convenceu com a resposta?
O não pertencer a lugar nenhum, o não ter paradeiro não me torna mais interessante, não atraio aventureiros.
A paz que senti em 25 dias me fez perceber que o pensar é uma tela em branco, não fui capaz de pichar, nem alterar com talento nato.
Os amigos vêem algo que não sei se tenho, os inimigos me dão um poder que sequer alcanço.
Quanta besteira!
Deito, adormeço e enquanto a cama gira, amanhã nem reconheço.
Hellen Cortezolli
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