Hoje (16), é um dia especial para os devotos dos santos homenageados durante o Ciclo do Marabaixo. É Quarta-Feira da Murta do Divino Espírito Santo, quando os festeiros que se concentram na casa da Tia Biló e do Mestre Pavão, no Laguinho, e nas residências da dona Dica e Natalina, na Favela, e saem nas ruas dos bairros carregando os ramos de murta espantar o mau-olhado. Cumprindo a tradição, eles iniciam as rodadas de marabaixo no retorno às casas, por volta de 19:00, e só encerram no amanhecer do dia seguinte, a chamada Quinta-Feira da Hora, quando o mastro é enfeitado e levantado.
É o terceiro marabaixo deste Ciclo que iniciou no domingo de Páscoa e encerra no dia 10 de junho, o primeiro domingo após Corpus Christi. Deste o começo deste calendário cultural e religioso, nos bairros Laguinho e na Favela, as quatro residências de descendentes de negros que há décadas festejam a Santíssima Trindade e o Divino Espírito Santo, abriram suas portas para receber dançarinos, tocadores e comunidade. Na casa da Tia Biló, onde a tradição é mantida por herdeiros do Mestre Julião Ramos, o Grupo Raimundo Ladislau faz a festa e enche o salão a cada rodada de marabaixo, misturando com perfeição o sincretismo religioso e o lúdico.
Danniela Ramos vive desde criança as festas de marabaixo acompanhando a família e há alguns anos lidera o Grupo Ladislau, parceiro de seu bisavô Julião Ramos, e autor da maioria dos “ladrões” ainda hoje cantados. O grupo tem mais de cem membros entre criança, jovens, adultos e idosos e faz questão de manter os rituais até hoje ensinados por pessoas como Tia Biló, Tia Zefa, Tia Chiquinha, Tia Fé, Munjoca, Ana Pavão, Elisia, Libório e outros que contribuem para que a história do início de colonização de Macapá, onde o marabaixo é elemento essencial quando se fala em cultura, seja respeitado e valorizado pelas gerações atuais.
Na casa da Tia Biló os festejos têm início às 17h, quando os integrantes e comunidade começam a chegar vestidos tradicionalmente, ou não. Eles percorrem alguns quarteirões até a casa da dona Raimunda Ramos, onde os ramos estão guardados a espera deste momento desde sábado, quando foram retirados das matas do Curiaú, junto com os mastros. Ao toque de caixas e cantos, os participantes saem pelas principais ruas do Laguinho passando em frente à igreja São Benedito. Eles retornam para a casa da tia Biló onde a festa segue madrugada adentro até 6h, da Quinta-Feira da Hora, quando o mastro é enfeitado, coloca-se a bandeira e é levantado.
Durante a madrugada muitos fogos animam a festa enquanto a gengibirra e caldo são servidos controladamente para os participantes. As imagens do festejado Divino Espírito Santo fica no altar, ao lado da Santíssima Trindade, eles são retirados ao amanhecer e levados até o mastro, quando a festa encerra. O Governo do Estado é o principal patrocinador do Ciclo do Marabaixo, este ano foram investidos R$ 110 mil para que a festa seja realizada.
A casa da Tia Biló fica na rua Eliezer Levi, entre Mãe Luzia e José Tupinambá. A do Mestre Pavão é na José Tupinambá entre Jovino Dinoá e Leopoldo Machado. Na Favela os festejos acontecem na casa da dona Dica do Congó e da dona Natalina.
Próximas programações:
7/5 - às 21h - 1º Baile dos Sócios do Divino Espírito Santo
18/5 - 19h -Início das Novenas do Divino Espírito Santo
25/05 - 19h -Início das novenas da Santíssima Trindade
26/5 - 21h - 2º Baile dos Sócios do Divino Espírito Santo
27/5 - 7h - Domingo do Divino Espírito Santo, missa na Igreja de São Benedito. Após a missa, café da manhã na casa dos festeiros.
16h – Murta da Santíssima Trindade: 4º Marabaixo, até o amanhecer do dia 28.5, quando será levantado o mastro da Santíssima Trindade
28/5 - 21h - 1º Baile dos Sócios da Santíssima Trindade
2/6 - 21h - 2º Baile dos Sócios da Santíssima Trindade
3/6 - 8h
Domingo da Santíssima Trindade, missa na Igreja São Benedito, após a missa café da manhã na casa do festeiro
7/6 - 20h - Corpus Crhisti – 5º Marabaixo
10/6 - 17h - Domingo do Senhor, derrubada dos mastros, escolha dos festeiros do próximo ano, e encerramento do ciclo do marabaixo da favela 2012.
Mariléia Maciel
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