Por Hellen Cortezolli
Ninguém deseja ser traído em razão do sentimento universal de posse. Imaginar o ser supostamente amado com outro alguém é como sentir que deixou de ser importante. E, no fundo todos querem ter a tão sonhada importância para alguém, como para si mesmo.
A hipótese de amor se adequa porque não se sabe ao certo a definição para tal sentimento. Amor se tornou sinônimo de anulação, submissão e renúncia ou coisas sofríveis e de uso prolongado.
Hipoteticamente o amor poderia se parecer com o DNA, apesar das teorias que se espalham e ganham rios de dinheiro para os que acreditam poder defini-lo e/ou identifica-lo, cada um imagina para si como melhor lhe convém, assim como a dor não pode ser medida, pois cada um tem seus próprios limites para suportá-la.
Esse raciocínio não é uma apologia à promiscuidade.
Por hora são estabelecidas regras de conduta, dentro da moralidade e do que a sociedade delineou por ser o certo. Uma prática obviamente falida, assim como o casamento o é.
Ninguém pode se sentir sujo se não souber que foi enganado. Deste modo, a tal sujeira é psicológica. Contudo, pensar em outra pessoa enquanto tem ao seu lado alguém com que divide sua rotina, não deixa de ser traição. Este talvez seja o mais doloroso sintoma e facilmente identificável, comumente ignorado. Como fechar os olhos e fingir desaparecer.
Os pensamentos não podem ser controlados, menos ainda, monitorados, estes às vezes perduram. A traição pela traição é solúvel, as complicações são inflamadas quando da ação se questiona com quem. É quem promove a instabilidade utópica na relação que de fato incomoda não a ação propriamente dita.
Surgem os porquês e a necessidade de obter respostas. Inutilmente, já que não se sabe ao certo formular as verdadeiras perguntas.
Mas, a baboseira toda de traição e o conceito de sujeira física e psicológica são completamente desconstruídos a partir da visão por parte da única chance de experiência, afinal ninguém poderia saber como seria a materialização da pessoa perfeita no universo paralelo, em apenas 1h30min se não a experimentasse.
Esse seria o prazo máximo de duração. Depois as pessoas complicam tudo, porque a adrenalina e sentimento de liberdade são viciantes, naturalmente querer mais seria o próximo passo, o que não acontece. Havia uma hora, um lugar, uma pessoa, uma atmosfera propícia. Nada se repete. Nunca é igual, melhor, pior, nunca igual.
Apesar de todas as regras, o controle, as imposições, não evitam a tão temida traição.
Mas, evitar ou se privar de conhecer tais sentimentos desorganizadores também não seria uma forma de trair a si mesmo? Se condenar a morte ainda em vida?
Deveríamos viver de momentos, intensidades ao invés de nos deixarmos escravizar pelo tempo nessa trama complexa.
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