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quarta-feira, março 05, 2014

A Barbárie (via blog da Alcilene)

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Por Alcilene Cavalcante 

Carros com sons exagerados no trajeto do Bloco A Banda, tocando melody e brega, e nunca samba e carnaval. Esses estavam na esquina da minha rua, e impediam a gente de ouvir qualquer outro som. Pior. Cada um tocava uma música diferente.

Era a barbárie no trajeto do tradicional bloco. Já passou da hora dos organizadores de A Banda sonorizarem o percurso de A Banda. Ou fazendo parceria com uma rádio. Ou com esses próprios sons, desde que a play-list seja do comando do Bloco.

Meu comentário: É como dizem: as pessoas que possuem os sons mais potentes, também tem os piores gostos. Até aí, problema deles. Só que o que fizeram (e eu vi, pois sai na Banda) foi desrespeito com nossa cultura e tradição. Bando de idiotas!

Fim do Carnaval

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“Terminado o Carnaval, acabou-se o artifício, desmanchou-se a mágica, volta-se à realidade.” (Cecília Meireles).

terça-feira, março 04, 2014

Música de agora: A Banda - Chico Buarque

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A Banda - Chico Buarque

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...

A Banda passa e nós brincamos!

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Os macapaenses esperam o ano todo para sair às ruas na terça-feira gorda. Sim, é hoje! Chegou o dia do ápice do Carnaval amapaense, A Banda. Alguns verão a Banda passar e outros, como eu, sairão pela cidade cantando e pulando no maior bloco de sujos do Norte do Brasil. 

A Banda, nome inspirado pela música homônima de Chico Buarque de Holanda, foi fundada no carnaval de 1965, pelos foliões Nonato Leal, professor Savino, Jarbas Gato, tenente Pessoa, Amour Jaci Alencar e José Maria Frota.

Hoje o espírito folião de Macapá aflora e A Banda passa sem papas na língua. O improviso e a desorganização são marcas registradas dos foliões. Alguns satirizam a política local e nacional com faixas e cartazes, sempre em tom de ironia, deboche e bom humor multifacetado carnaval. Milhares de caras vestidos de mulheres e a criatividade sacana dos brincantes não têm limites. Tem de tudo, até manifestações artísticas. 

A Banda faz parte da nossa Cultura. É uma tradição do Carnaval amapaense, uma manifestação popular incrível, um verdadeiro show de irreverência e humor. Eu me esbaldo' na festa. Estarei entre os milhares de foliões. Desejo uma ótima brincadeira á todos.

Elton Tavares

Parabéns, vó Cacilda!

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Hoje (4), é aniversário de Cacilda Neves Vale, a minha avó Cacilda, que completa 83 anos. Ela diz que tem a consciência tranquila  pois deu oportunidade para todos os seu rebentos estudarem. Diz ainda que é mulher de sorte por ter uma vida feliz.

Uma palavra que define Cacilda é honestidade. Ela é uma mulher que venceu as adversidades de sua longa vida com altivez e coragem, sempre com o apoio de seus filhos.

Ela é a matriarca de minha família materna. Ao todo, teve 12 filhos, 26 netos e 14 bisnetos. Nos dias de hoje, com o sentimento de dever cumprido, Cacilda brinca ao dizer que “Se estou com saúde, está tudo bem”.

É mãe e avó amada pelos seus. Sempre ajudou todos os seus filhos e netos, fosse com um conselho, alimentação, dinheiro, orações ou com um de seus remédios caseiros.

Esta é uma singela homenagem a tudo que esta mulher guerreira representou e representa para os seus. Feliz aniversário vovó, eu amo você!

Elton Tavares

Feliz aniversário, Malária!

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Hoje (4), quem roda o calendário é o pai e marido dedicado, consultor técnico, Arquiteto, skatista e querido amigo Antônio Fernandes, o popular “Malária”. Malária é uma figura importantíssima da cultura underground amapaense. Foi vocalista de uma das melhores bandas que tivemos em Macapá, a Little Big. Além disso, o cara é gente fina, inteligente e trabalhador. 

Lembro de vários porres homéricos e amanhecidas inesquecíveis ao som do velho rock com o Malária e a velha turma. Matamos muitos garrafões de vinho e incontáveis grades de cerveja. 

A Little foi a banda de garagem mais duradoura e badalada daquela época (onde a Little tocava, era casa cheia). Eles tocavam o punk, indie, hardcore e manguebeat. Chegaram a desenvolver um som próprio, com composições do Antônio Malária, um flerte com o Batuque e Marabaixo, misturado ao rock.

Antônio é trabalhador e batalha pelos seus sonhos. No último ano, o cara foi coberto de bênçãos, pois é pai mais uma vez e concluiu seu curso superior. Torço que Deus continue a lhe iluminar. 

 Meu velho amigo, desejo tudo de melhor pra você e sua família. Muitas felicidades pra ti e tudo que couber dentro dela. Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Apuração dos Desfiles das Escolas de Samba

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A apuração dos resultados dos desfiles será realizada nesta quarta-feira de cinzas, 5, a partir das 15 horas, nas dependências do sambódromo. Inicialmente acontecerá a apuração do Grupo de Acesso e posteriormente, a do Grupo Especial.

A premiação agraciará as 03 (três) primeiras colocadas de cada grupo, sendo que as primeiras colocadas do Grupo Especial e do Acesso receberão o prêmio de R$ 12 mil e R$ 8 mil, respectivamente, recebendo as demais os troféus pelo segunda e terceira colocação.

As duas primeiras colocadas do Grupo de acesso de cada ano, ascenderão ao grupo Especial do ano subsequente e as duas últimas colocadas do grupo Especial descerão para o grupo de acesso no ano subsequente.

segunda-feira, março 03, 2014

Música de agora: A Jardineira - Orlando Silva

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A Jardineira - Orlando Silva

Oh, jardineira, por que estás tão triste?
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu

Oh, jardineira, por que estás tão triste?
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu

Vem, jardineira! Vem, meu amor!
Não fiques triste que este mundo todo é seu
Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu

Bloco do Eu Sozinho

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Crônica de Ronaldo Rodrigues

Sigo eu, sozinho, seguindo a mim mesmo, neste bloco de amigos e inimigos invisíveis, alguns inexistentes, sobras de outros carnavais. Pálidas lembranças de confetes e serpentinas. Fantasmas de pierrôs e arlequins. Saudade de colombinas.

Sigo cego, a esmo, sempre o mesmo, sob a chuva. Não a chuva de papel picado. A chuva, essa que vem devagarinho e fica por muito tempo, a desmanchar a maquiagem, a se misturar às lágrimas que caem da máscara, as lágrimas formando outra chuva.

Meu samba atravessa a avenida e eu atravesso o samba. Sou desclassificado, é lógico. A corte marcial do Rei Momo é implacável. Se ano que vem ainda existir carnaval, se houver ano que vem, devo desfilar no segundo grupo. Mas, como sei que não posso deixar o samba morrer, que não posso deixar o samba acabar, o jeito é me acabar no samba.

Sigo esse bloco, sou esse bloco, despido de fantasias, em choque com a realidade, e espero me recuperar da ressaca nas cinzas de outro carnaval. Quarta-feira há de chegar, a me cobrar responsabilidades de quem sobreviveu ao folguedo, e eu estarei preparado (estarei preparado?) para ir ao seu encontro.

Tenha Piedade! (trairagem?)

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A Rainha da Bateria de Piratas da Batucada, Piedade saiu de destaque no Boêmios. Acho normal, mas alguns foram cruéis. Traíragem, disseram eles. Deixa quieto, afinal, é Carnaval!

Feliz aniversário, Max!

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Hoje (3), é o aniversário do fotógrafo, funcionário público, colaborador deste blog (com fotos) e amigo querido, Max Renê Santana. Conheci o cara em 2011. Trabalhamos juntos e afirmo, com toda certeza, que se trata de um grande figura. 

Max é trabalhador, batalhador e responsável. O mais legal é o bom humor contínuo do cara. Acho que o vi aborrecido somente umas duas vezes desde que o conheci. Prestativo, disposto a resolver os perrengues dos colegas. Aliás, já pulamos uma fogueira juntos. Mas é uma história impublicável, rs. 

Enfim, Max Renê já foi somente um colega de trabalho, mas há muito tempo é um brother. 

Ano passado, o cara passou a trabalhar com o que gosta. Max possui talento de sobra e é um estudioso da fotografia. Nós (eu, Léia, Márcia, Marcelo, Aog, Rita e todos que sabem de sua história) torcemos muito pra ele.

Meu amigo, desejo cada vez mais sucesso e saúde pra você. Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

Hoje rola CARNAPIRA: Baile de Máscaras OPEN BAR

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Hoje (3), a partir das 23h, na boite Royal’s Club, a ProdutoraCurupira Vampiro realiza o baile "Mamãe eu quero, mamãe eu quero... CARNAPIRA!". É o segundo ano que o Curupira coloca o seu bloco na rua, quer dizer, na London! Só que dessa vez, o carnaval será um BAILE DE MÁSCARAS! Prepare a sua!

Como é carnaval nada melhor do que um um open bar, o que vocês acham? Quem vai comandar o baile será o dj e produtor Murilo Caldas (Fanfarra-ES) com seus mash ups e produções exclusivas o reforço fica por conta dos Djs Curupira (Alcirrr e Luih G.) e o dj convidado Hefran.  E muitas surpresas durante a noite....

Carnapira – Baile de Máscaras OPEN BAR
03.03 London Royal’s Club

Line Up:
Murilo Caldas (Fanfarra-ES)
Alcirrr
Luih Grangeiro
Hefran

Ingressos:
R$ 30 (Primeiro lote)
R$ 40 (Segundo lote)
R$ 50 (Terceiro lote)

Postos de vendas: Anima Fest e Sorveteria QSabor

domingo, março 02, 2014

Música de agora: Ó Abre Alas (Chiquinha Gonzaga)

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Ó Abre Alas - (Chiquinha Gonzaga)

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar

Amigos da imprensa no trampo de Carnaval (Fotos)

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"Você colombina comigo"

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Caiu na Avenida

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Esse gif me lembrou uma senhora do Boêmios do Laguinho, que se estatelou ontem, na Avenida Ivaldo Veras.

Sobre a segunda noite do Desfile das Escolas de Samba do Amapá

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Unidos do Buritizal e Império do Povo, passaram bem bonitas. Já a Império da Zona Norte surpreendeu e fez um belo desfile. Só que quem arrebentou mesmo ontem foi Boêmios do Laguinho e Maracatu da Favela. As duas agremiações deram show no Sambódromo de Macapá. 

Boêmios emocionou ao retratar seus 60 anos e levantou a torcida, porém a Nação Laguinense  tinha alas descaracterizadas (sapatos ao invés de sapatilhas, tenho a foto), alegorias mal acabadas e seu último carro quebrou na Avenida Ivaldo Veras. 

Maracatu fez um desfile porreta, com alegorias fantásticas e apoio de sua torcida. Só acho que o segundo carro alegórico estava incompleto. Já a linda comissão de frente da Verde Rosa, com direito a truque de mágica (estava sensacional), falhou. O encanto foi quebrado (literalmente) em frente aos jurados, por um problema no equipamento.  Além disso, a Maracatu teve que correr por conta do tempo e deixou buracos na Avenida do Samba, a exemplo do Piratão, na noite anterior. 

Resumo da ópera, ou melhor, do Samba: Boêmios e Maracatu foram, assim como o Piratão na primeira noite, sensacionais. Apesar das três escolas de samba terem cometido pecados, que não diminui em nada o Carnaval fantástico apresentado por elas, o título deste ano está entre as três agremiações. “Acredite se quiser”. É isso!

*clique nas fotos para vê-las melhor. 
Elton Tavares

Charge de agora

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Feliz aniversário, Pedro Junior!!

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Hoje é aniversário do filho caçula do tio Pedro e único da Ilza, ex-tenista, boleiro, acadêmico de Direito, apreciador de Rock and Roll, torcedor do São Paulo (Bambi) e meu querido primo, Pedro Aurélio Junior. 

O cara é gente fina, carismático, carinhoso, bem humorado, inteligente e boa pinta (não dá pra ficar dizendo que o homem é bonito, pois isso é coisa de são-paulino). 

Pedro Junior celebra 19 anos de uma vida que só está no início e cheia de lindas possibilidades. Estrutura familiar pra isso ele tem de sobra, basta querer e eu acredito que o “moleque” (no sentido carinhoso da palavra) chega lá fácil. 

Sou o neto mais velho da vó Peró, quando Pedro e Ana (prima mais velha que Junior somente uma semana) nasceram foi mágico, pois os amei desde o primeiro dia. 

Pedro, desejo que você viva tudo que tem direito com intensidade e certa prudência (aprendi isso tarde). Desejo que seus sonhos se realizem e que você receba muitas bênçãos em sua vida. Eu te amo, cara! 

Meus parabéns e feliz aniversário!

Elton Tavares

sábado, março 01, 2014

Música de agora: Cachaça Não É Água - Marchinhas de Carnaval

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Cachaça Não É Água - Marchinhas de Carnaval

Você pensa que cachaça é água?
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Você pensa que cachaça é água?
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Pode me faltar tudo na vida
Arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz falta não

Pode me faltar o amor
(Disto eu até acho graça)
Só não quero que me falte
A danada da cachaça

Você pensa que cachaça é água?
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Primeira noite de Carnaval :)

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Garra, amor e paixão: assim é o Piratão, ontem, hoje e para sempre!

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Muita alegria e reencontro de amigos na primeira noite do Desfile da Liga das Escolas de Samba do Amapá (Liesap). Foi legal ver a Emissários da Cegonha com alegorias inteiras, a Embaixada de Samba Cidade de Macapá foi alegre, a Solidariedade fez um belo desfile e Piratas Estilizados, apresentou um grande carnaval, bonito e técnico. Dos outros, só falarei isso mesmo, afinal, este blog é Piratão! 

A Escola de Samba Piratas da Batucada desfilou e encantou o público ao retratar seus 40 anos de Carnaval, no Sambódromo de Macapá. Fomos a penúltima escola a passar na Avenida Ivaldo Veras e, com todo respeito ao belo carnaval apresentado pelo Piratinha, o Piratão foi o melhor da primeira noite. Isso, independente de qualquer problema ocorrido.

Cor, brilho, raça, belos carros, tecnologia, além da alegria e empolgação peculiares da comunidade zona sul marcaram a passagem do quarentão do Carnaval. Nem o pequeno problema em um dos carros alegóricos ou atrazosinho véio besta, tirou a beleza do nosso desfile. Não à toa, o Piratão possui 16 títulos do carnaval amapaense.

A Piratas da Batucada se reinventa sem quebrar sua tradição de excelência no Carnaval. A Comunidade zona sul mostrou paixão, emoção e amor pela Escola.

Nunca vi minha escola tão brilhante e linda. Nunca, nestes meus 21 anos de desfile, me emocionei tanto entre os dois mil brincantes do Piratão. Honramos a camisa amarela, contagiamos o Sambódromo e, sim, estamos na briga pelo título!

( )...Sacode balança, estremece a multidão. És um mar de felicidade, que invade os corações” , assim é o Piratão, ontem, hoje e para sempre! 

Elton Tavares

Hoje é o dia dos amigos do Boêmios do Laguinho

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Osmar, Fernando, Bira, Léia, Bruno, Capixaba, Ilze, Cézar, Amaral e Sônia. Amigos da nação laguinense. 

Charges de hoje

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Carnaval, o Espelho Invertido (Fernando Canto)

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Fernando Canto

O brasileiro faz festa para tudo, sempre arranja um motivo para comemorar. Mas é no carnaval que ele festeja a si próprio, pois quando isso acontece emerge claramente a velha ideia de que a festa representa uma memória e uma comunicação expressa por mensagem, no dizer do antropólogo Carlos Brandão. E se nos festejamos estamos cerimonialmente separando aquilo que deve ser esquecido (o silêncio não-festejado do cotidiano) e aquilo que deve ser resgatado. Quando nos festejamos somos convocados à evidência, para sermos lembrados por algo ou alguém, o que significa  darmos sentido à vida, através de ritual  na brevidade de um momento especial em que somos anunciados com ênfase. Aí nos tornamos símbolos, porque a sociedade festeja alguém que transitou de uma posição a outra ou migrou de trabalho ou de seu espaço de vida para outro.

Quando alguém, independentemente da mídia, tem seus quinze minutos de fama, pode estar solenizando uma passagem ou comemorando sua própria memória. A festa quer ser a memória viva dos seres humanos. A cada ano eles renovam essa catarse ao brincarem com os sentidos e os sentimentos, e então inventam situações onde a cultura nacional evidencia uma permanente vocação de investir no exagero, na critica e até na caricatura. Ali a oculta e difícil realidade surge epifanicamente revelando o que os indivíduos querem, fantasiados ou não, sóbrios ou loucos, juntos ou conflitantes, mas festejando o que são com suas angústias e significados.

No carnaval os atores sociais saem da rotina e forçam ao ritual da transgressão, saindo de si mesmos no breve ofício de inverter o que são. Alguns estudiosos como Da Matta e o próprio Brandão chamam isso de espelho invertido do que é socialmente esperado: pobres se vestem de príncipes, os nobres de índios, os homens de mulheres, as mulheres viram fadas e os bandidos querem ser heróis. Condutas se ultrapassam e se comemoram no ritual de si mesmo no carnaval. 

Mas não é o objetivo deste artigo fazer uma análise mais acurada do carnaval. Ele, o carnaval, vai muito além do seu significado sociológico. E como cultura, qualquer mecanismo inerente a ele traz uma dimensão que nos permite o mais profundo pensar ou o maior desprezo, ou mesmo valorizar a velha ”preguiça” ancestral indígena que dá depois da farra. 


Todos sabem que o carnaval, enquanto evento tem vários conceitos e facetas. O significado de sua origem se perde nas trevas do tempo. Escritores autorizados dizem que ele surgiu nas orgias pagânicas do Egito e da Grécia, ou nas bacanais de Roma, realizadas em dezembro. Ele seria, então, apenas a reprodução em sentido mais moderado das festas lupercais, saturnais e bacanais que a história registra com abundância de informações. Não parece haver dúvidas, segundo Jorge de Lima, que o carnaval, assim como o teatro, nasceu da religião.  Do italiano carne vale, é o tempo em que se tira o uso da carne, pois o carnaval é propriamente a noite antes da quarta-feira de Cinzas..

Para alguns é apenas uma caricatura que se faz da realidade e das pessoas, mostrando seus defeitos de forma burlesca, com imitação cômica. A meu ver, entre tantas hipóteses do que pode ser o carnaval, fico com esta que é completamente inusitada. Certa vez ao tocar um antigo samba-enredo de uma escola do Rio, num banquinho em frente à casa de meus pais, no Laguinho, iniciei a música no cavaquinho e cantarolei: "O carnaval é a maior..." Quando fui bruscamente interrompido pelo vizinho e amigo Nonato Bufu, que completou: "...caligrafia", no lugar de "caricatura". Rimos na hora, mas hoje eu entendo que também nós somos responsáveis em escrever a mão a história do nosso carnaval, inclusive com as alegrias e dores que porventura se fizeram presentes em nossas vidas.

Texto publicado originalmente no Jornal do Dia, em 2006. Está no meu livro “Adoradores do Sol”.