Lia um artigo que me era muito interessante, enquanto outras páginas do site carregavam, fazia o que faço diariamente, abria links que levavam a novas guias no navegador. Em uma delas, havia um escrito de moda que mencionava uma não entrevista.
O motivo original da minha pesquisa era sobre outro texto, e resolvi copiar descaradamente a ideia de “não fazer algo já o fazendo”. Então, não vou discorrer estas ideias de que de certa forma não continuamos agindo como descreveria Elis Regina no hit tão atual do momento, quanto às manifestações organizadas para protestarmos alguma coisa. “Como nossos pais”, sempre me fez chorar. Tudo bem anos 70, porque a moda agora é o supercool do vintage.
Ao mencionar as caminhadas que garantem nossos direitos adquiridos, ou de pelo menos bradarmos por eles, recordamos que não se assemelham a outras tantas marchas constituídas por mentes politizadas de uma outra época, movidas bem mais que pela vontade de se autopromover, ou não, imagina?!
Também não irei provocar que depois do combate ao “conceito de mulher estuprável”, de aversão à homofobia e em favor do amor livre, agora teremos a marcha do parto em casa. “Porque toda a mulher tem o direito de parir aonde quiser”, e não é “preciso conselho para parir”. Devo considerar que a organização que escolheu estas frases para liderar essa reivindicação não me sugeriu, (mesmo que antes de formular qualquer entendimento), a súbita vontade de recomendar que fossem visitar à tão conhecida “puta que pariu” para saber o que ela pensa sobre isso. Me dei ao luxo de refletir melhor.
Não vou me posicionar contra, por crer na importância como cidadã e sem fugir a minha responsabilidade como profissional de abordar outras óticas sobre o tema.
Se de fato os números não mentem, os índices de mortalidade infantil em UTI’s neonatais além de ser uma triste realidade, foram alarmantes no último biênio nos Estados de PE, PA, AP, DF, SP, RJ, MG, PR, SC, RS e sem deixar de citar as demais siglas da federação. Na verdade não importa o número de bebês que morreram, se a morte de um bebê for provocada por infecção, ou más condições de atendimento de saúde, já é um absurdo.
E, falam sobre “humanização do atendimento hospitalar”. Ah, tudo bem! Nesse item em diante deveria mencionar também a “desumanização de salários dos profissionais de saúde”, mas acho que não irei fazê-lo, sob a pena de perder o foco.
Nosso comportamento “vanguardista” quanto aos posicionamentos que precisaríamos tomar se tornaram senão obsoleto, no mínimo retrógrado. São releituras ou novas roupagens para o velho. Acrescentamos novas palavras ao vocabulário para maquiar velhas condutas. Mas, o retrô voltou com tudo para nossos figurinos biodegradáveis. E as t-shirts com os temas ficam lindas concorda?
A seguir as cidades onde ocorrerá a marcha, fundamentada na pesquisa desenvolvida na Holanda, que comprova a segurança do parto domiciliar: Rio de Janeiro – RJ, São Paulo – SP, São José dos Campos – SP, Campinas – SP, Ribeirão Preto – SP, Sorocaba – SP, Ilhabela – SP, Vitória – ES, Brasília – DF, Belo Horizonte – MG, Recife – PE, Fortaleza – CE, Salvador – BA, Maceió – AL, Curitiba – PR, Florianópolis – SC e Porto Alegre – RS. Mais uma prova de que a “moda europeia” dita as tendências nos países em “desenvolvimento”.
Isso dispensa a menção das noventa parteiras tradicionais, ribeirinhas, quilombolas e indígenas, das etnias Karipuna, Paliku, Galibi Marworno, Wajãpi, Tiriyó Kaxuyana, que participaram da oficina de trocas de práticas tradicionais e conhecimentos técnicos preparatórios para o 2º Encontro Internacional de Parteiras no Amapá, realizado em maio de 2012. Não mencionarei isso, porque valorizar a cultura local no próprio país é tão démodé!
E finalmente, parafraseio novamente Elis, com o trecho que mais me abala: “Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”... Porém, devo acrescentar, com internet e redes sociais.
Crucifiquem-me se puderem!
Hellen Cortezolli
Olha que belíssimo! Elementos esparsos, parteiras, elis, europa moda vintage e demodé. Tudo em um emaranhado maginifico! Faz mais que sentido, faz sentido a mais! Parabéns Hellen, realmente muito muito bom!
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