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quinta-feira, novembro 06, 2014

Arte indígena da etnia Wajãpi, do Amapá, estampa selo dos Correios

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Por Paula Monteiro, do Portal Amazônia

A partir de novembro deste ano, a Arte Kusiwa da população indígena Wajãpi, do Amapá, vai estampar selos dos Correios. O lançamento do 'Selo Postal Arte Indígena Kusiwa Wajãpi' aconteceu na última segunda-feira (3), na sede do Iphan, em Brasília, e também apresentado na Fortaleza de São José de Macapá, na capital. O selo ficará em circulação até 31 de dezembro de 2017.

A estampa para o selo postal foi proposta pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e eleita pela Comissão Filatélica Nacional (CFN) em reunião realizada no mês de julho de 2013, para compor o Programa Anual de Selos Comemorativos e Especiais de 2014. Os Wajãpi concordaram com a proposta e foram os responsáveis pela escolha da arte. “O selo é uma forma de valorizar e divulgar a cultura indígena do Amapá para o Brasil, já que ele circulará nas cartas e objetos que passarem pelos Correios”, explicou o assessor técnico dos Correios no Amapá, Benedito Vieira.

Os Wajãpi do Amapá constituem um grupo remanescente de um povo que já foi muito mais numeroso, subdividido em vários grupos independentes e que a população total foi estimada em cerca de seis mil pessoas no começo do século XIX.

A etnia tem origem em um complexo cultural maior, de tradição e língua tupi-guarani, hoje representado por diversos povos, distribuídos entre vários estados do Brasil e países adjacentes. Até o século XVII, os Wajãpi viviam ao sul do rio Amazonas, numa região próxima da área até hoje ocupada pelos Asurini, Araweté e outros, todos falantes de variantes dessa mesma família linguística.

A Terra onde vivem os Wajãpi, no Amapá, foi demarcada e homologada em 1996, e é uma área muito preservada, onde vivem cerca de 1,1 mil indígenas, em 48 aldeias.

A arte nas tribos

A Arte Kusiwa está vinculada à organização social, com uso adequado da terra indígena e o conhecimento tradicional. Os indígenas usam composições de padrões kusiwa nas costas, outros na face, outros nos braços. A pintura é cotidiana.

Os grafismos também podem ter como suporte cestos, cuias, tecelagem, bordunas e objetos de madeira. Os padrões Kusiwa representam animais, partes do corpo ou objetos e estão carregados de significados e simbolismo. Constituem um sistema de comunicação e uma linguagem gráfica que remete à cosmologia e visão de mundo dos Wajãpi. Para a elaboração das tintas, são utilizadas sementes de urucum, gordura de macaco, suco de jenipapo e resinas perfumadas.

Através dos séculos, os Wajãpi desenvolveram uma linguagem única, formada por componentes gráficos e orais, que reflete sua visão de mundo e constitui um conhecimento específico sobre a vida em comunidade. A Arte Kusiwa faz também referência à criação da humanidade e a diversos mitos Wajãpi.

Os múltiplos significados nos níveis sociológico, cultural, estético, religioso e metafísico indicam que a importância da Arte Kusiwa extrapola o seu lugar de arte gráfica e, efetivamente, engloba o vasto e complexo sistema que envolve sua maneira específica de compreender, perceber e interagir com o universo.

A Arte Kusiwa

Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 20 de dezembro de 2002, como Patrimônio Cultural do Brasil. No ano seguinte, recebeu da Unesco o título de Obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.


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