Crônica de Ronaldo Rodrigues
Trechos de uma entrevista de Elias Cafarnaum, filósofo que, segundo o próprio, jamais existiu.
Assim falou Cafarnaum:
• Nascemos nus. É a gloriosa mecânica da vida. Nascemos nus para que venham o Estado, a Igreja e a sociedade nos obrigar a vestir roupas, valores, credos, ideologias...
• Acredito que, em vez de acumular coisas, as pessoas deveriam ir, ao longo do caminho, se despojando das coisas que já possui.
• Comecei a fumar aos 14 anos. Mas, profissionalmente, somente aos 19.
• Certa vez fui à farmácia comprar camisinha. A atendente perguntou se eu queria uma camisinha com mais ou menos lubrificante, com esse ou aquele odor, e muitas dessas pirotecnias aí. Respondi que bastava uma camisinha, uma simples camisinha. Os efeitos especiais ficariam por minha conta.
• Desconfio de qualquer comida que, por um motivo ou outro, não se pode colocar farinha.
• Quem nunca se viciou que atire a primeira pedra. De crack.
• Não é difícil acreditar na existência de Deus, mas é impossível acreditar em sua bondade. Só uma mente pérfida e uma total falta de sentimentos poderiam criar algo tão repugnante quanto o ser humano.
• O artista é antes de tudo um forte. Um forte candidato ao anonimato e à frustração.
• Quando a morte se apresentar não quero ter um centavo sequer no bolso.
• Você acorda de um sonho magnífico, se levanta no maior astral, toma o seu banho com imenso prazer e sai disposto a partilhar sua fraternidade com o mundo. Aí vem um serzinho qualquer e estraga tudo. Que merda!
• Uma vez li a frase ama-te a ti mesmo, de Sócrates. Achei que se tratava de masturbação. Estou nessa até hoje.
• Sou imune à decepção. Ninguém me prometeu nada e eu não espero nada de ninguém.
• O que eu acho das pessoas? Quando eu conhecer alguma eu digo.
Cafarnaum virou esta crônica, mas é também um vídeo experimental que tem a seguinte ficha técnica:
Roteiro/texto: Ronaldo Rodrigues
Imagens: Alexandre Brito / Tuto Pessoa
Edição: Tuto Pessoa
Direção: Alexandre Brito / Ronaldo Rony
Elias Cafarnaum foi interpretado por Aldo Cefer
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