Por Paulo Monteiro, do Portal Amazônia
As grandes pedras fincadas no chão do interior do Amapá formam círculos de informações e mistérios que recontam a história da civilização através da arqueologia. Os megalitos do município de Calçoene (distante 360 quilômetros da capital) serão a principal atração do primeiro parque arqueológico com visitas monitoradas do Brasil. O projeto executivo está a cargo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e deverá ser executado no prazo de dois anos.
De acordo com o arqueólogo João Saldanha, a ideia é criar um espaço para democratizar a pesquisa científica através da acessibilidade das informações sobre a história da evolução humana. “Esse será o primeiro parque arqueológico desse modelo no Brasil. Queremos oferecer um parque e um museu com visitas monitoradas com o apoio de guias para que as pessoas possam conhecer mais e melhor sobre os sítios arqueológicos. O Amapá é considerado uma das maiores expressões arqueológicas mais importantes da América Latina”, afirmou o pesquisador à reportagem do Portal Amazônia.
Observatório astronômico indígena
As grandes pedras podem ter sido usadas como observatório astronômico pré-colombiano por povos indígenas que habitaram a região. Em volta da estrutura foram encontrados, ainda, sítios arqueológicos que guardavam poços funerários. A construção lembra o santuário de Stonehenge- um dos principais monumentos arquitetônicos do período Neolítico, a fase final da Pré-História, na Inglaterra.
Também conhecido como ‘Stonehenge do Amapá’, as 127 rochas, algumas chegam a três metros de altura, revelam que o monumento era usado para marcar o solstício. Um dos blocos de pedra do círculo megalítico está posicionado de maneira que o Sol, durante o solstício de inverno do Hemisfério Norte, em 21 de dezembro, fica sobre o bloco, eliminando a sombra. A posição desta rocha diminui o tempo da projeção de sombras durante todo o dia no local. o alinhamento de um dos blocos de rocha com o solstício de dezembro levou os pesquisadores a acreditarem que o local tenha sido um observatório astronômico, com resquícios de uma cultura avançada.
Potencial arqueológico
Em julho de 2014, arqueólogos encontraram urnas funerárias inéditas no Brasil, na comunidade de Curiaú Mirim (distante oito quilômetros de Macapá). Em um único poço, foram encontradas urnas funerárias com três câmaras laterais com cerâmicas que guardavam restos mortais. A descoberta comprovou a relação entre diferentes grupos da Região Amazônica. O material está sendo estudado pelo Centro de Pesquisas Arqueológicas (CPArq) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), e deverá ser concluído em dois anos.
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