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segunda-feira, agosto 11, 2014

Crônica dos casais improváveis (texto da @rebeccabraga sobre nós na sexta-feira)

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Por Rebecca Braga

Tinha marcado às 19 horas no boteco. Já estava atrasada 6 minutos. Meu telefone toca. Do outro lado, sem nem dizer oi, a voz conhecida avisa:

- Eu já pedi uma cerveja. Se você não chegar até eu terminar, eu vou embora.

- Tou chegando, vou pegar um táxi.

Sigo de táxi e em poucos minutos desço no bar cheio. As mesas já no asfalto, na rua, gente em pé procurando lugar pra se abancar.

-Por que que você tem que ser assim? -  Chego sorrindo pra quebrar o clima.

Peço um refrigerante pra iniciar e sigo com uma cerveja. Original, porque é sexta e sexta é dia de cerveja gelada.

Conversamos sobre a semana, sobre trabalho, sobre amor e a falta dele.

Olho ao redor, gente conhecida, sorrio, cumprimento.

-Tou te sentindo agoniada. O que tu tens? - Pergunta o amigo de quase duas décadas.
- Nada...

Disfarço o incômodo, tomo mais um gole de cerveja.

Vejo aquela moça chegando sozinha no bar e penso "que moça bonita". Não comento nada. Seguimos conversando, sobre relacionamentos. Ele é o tipo que não sabe ficar sozinho. Engata relacionamentos longos e por vezes conturbados. Eu, depois de um casamento, tive alguns namoros, algumas paixões e levei algo como uns quatro anos pra me recuperar de um coração partido. Dessas coisas que terminam muito mal e leva-se muito tempo pra curar.

- Eu quero ela! Ali, olha. Ela é linda... - Diz atravessando uma conversa qualquer.

Me viro e procuro. É a moça que havia achado bonita.

- Ah, eu a vi passar por aqui. Bonita mesmo.

Seguimos entre mais cervejas e gargalhadas.

Olho pro lado e digo baixinho "Oiê! Tudo bem?". Só pra que eu possa ouvir, mas ele ouve e diz rindo:

- Muito tu esses caras meio los hermanos. Bem o teu tipo. - Refere-se ao cara que procura alguém no bar enquanto fala ao telefone.

Risos.

- Se você a convidar pra sentar aqui, eu chamo o cara.

Silêncio na mesa. A gente se olha e ele solta:

-Daí eles ficam juntos e a gente se fode.

Mais risos.

- Preto, tu queres apostar quanto que esse cara tá procurando essa menina?
-Será?
-Saca só!

O hermano atravessa para o outro lado do bar, ela sorrindo, ele se aproximando, o abraço longo e eis que o cara senta na mesa.

Muito mais risos.

Como ele próprio diz:

-A vida é assim: A gente se dá bem. A gente se fode. A gente se dá bem. A gente se fode.

Só acho que de vez em quando a gente podia se dar bem. Digo, eu podia, pra variar.
A sexta seguiu e a gente ainda fez muita coisa. Entre amigos, conversas infinitas sobre amor, livros, cinema, política e tudo mais  o que é impublicável.

Uma canção pra brindar à vida. E às sextas que ainda virão.

Meu comentário: foi exatamente assim. Não tenho nada a acrescentar. Retrata exatamente o que rolou, de maneira bem humorada e muito bem escrita. Perfeito!

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