José Sebastião de Mont’Alverne, o “Zeca”, “Caboquinho” ou “Sabá”, é um dos melhores violonistas do Amapá e o melhor que vi tocar. O instrumentista nasceu em Belém (PA), em 19 de março de 1945. Hoje é aniversário dele. Filho do fazendeiro José Jucá de Mont’Alverne e da professora Aracy Miranda de Mont’Alverne. Passou sua infância, desde o 1ª ano de vida, no interior do extinto Território Federal do Amapá, na fazenda Redenção, propriedade de seu genitor.
Sebastião foi alfabetizado por sua mãe, fez todo o ensino fundamental, antigo primário, com sua genitora. Sabá aprendeu a tocar com o violão da mãe, um Di Giorgio que ela guardava no guarda-roupa e Zeca tocava escondido. Dona Aracy chegou a proibi-lo, já que ser tocador era “coisa de boêmio” e ela queria o filho estudasse.
Sabá só veio morar na capital amapaense aos 12 anos de idade, mas aos nove, o então menino, que tinha fascínio pela música e já era um violonista autodidata. Sim, aprendeu só, mas ouviu muitos conselhos para melhorar como músico, como o do seu tio, Jurandir, que lhe disse para nunca bater nas cordas e sim tocá-las.
Zeca se inscreveu no programa “Clube do Gurí”, da Rádio Difusora de Macapá. Na época, o Caboquinho foi incentivado pelo músico Nonato Leal, seu irmão Oleno Leal, além de Walter Banhos. Logo o menino, que evoluiu rápido, estava solando, tornou-se um exímio violonista e entrou para a Regional daquele veículo, acompanhando cantores na rádio como Miltinho, Rosimary, Walter Bandeira.
Ainda jovem, tocou, em Belém, com o cantor Orlando Pereira e banda The Kings, que se apresentavam nos clubes do Remo, Payssandú e Tuna Luso Brasileira. O Caboquinho também foi integrante da banda Os Cometas (que tinha a dona Célia, esposa e mãe de seus filhos como vocalista), que fez muito sucesso no Amapá.
Sebastião Mont’alverne, que era fã do violonista Baden Powell, tocou ao lado de muitos instrumentistas famosos como Sebastião Tapajós, Salomão Habib, Paulo Porto Alegre e Nego Nelson.
Algumas curiosidades sobre o Caboquinho: Ele é o único afinador de piano do Amapá. Em 1980, ele fez um curso em São Paulo, que o habilitou para a função. Zeca também foi, em 1962, fotógrafo da campanha do ex governador do Amapá, Janary Nunes, à deputado. Sebastião foi um dos fundadores do “Bar do Gilson”, local que reúne os melhores e mais respeitados músicos de Belém.
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Sabá foi professor de violão Clássico, por cinco anos, na Escola Walkíria Lima, aonde chegou ao cargo de diretor. Ocupou o mesmo cargo na Escola de Música Almir Brenha.
Em 2001, Sebastião participou do projeto “Pedagogia Sabiá”, que ensinava música nas escolas da rede pública. O Caboquinho trabalhou também na Universidade Federal do Amapá (Unifap), hoje está aposentado do serviço público.
A Prefeitura de Macapá (PMM) o homenageou, em 2005, com uma Placa, pela grande contribuição para a musicalidade do Amapá. O Conselho Estadual de Cultura o honrou, em 2008, com a “Medalha a Cultura”, pela vida dedicada á música.
O Sebastião Mont’alverne, ou “mestre”, como o chamo carinhosamente, é uma figuraça, homem de bem, que criou três filhos com muita dignidade (um deles, o Fábio, também músico, baterista talentoso e reconhecido dentro e fora do Amapá). Também é o melhor imitador do modo de falar dos caboclos ribeirinhos, cheios de causos e contos.
Enfim, Sebastião Mont'Alverne é um cara porreta e um ícone da nossa cultura, pois sua história se mistura com a da música amapaense e ele merece o reconhecimento de todos nós. A ele, minhas homenagens e parabéns pelo seu natalício. Feliz aniversário,Sabá!
Elton Tavares
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