O Espelho da Felicidade (texto de Bruno Simões)

Não sei se você, alguma vez, já pensou em entrar na mente de uma criança. Eu, há um certo tempo, tentei imaginar como seria. Provavelmente deve ser um labirinto luminoso, um espaço cheio de brincadeiras e emoções, onde a ordem é ser feliz. 

É não deixar com que os adultos, com seus marasmos e rancores, entrem. Mas como fazer para entrar neste espaço tão pequeno e cheio de energia? Uma vez passei horas tentando descobrir por que as crianças são sempre felizes. Elas nunca se importam com os problemas da vida. Será bom ou ruim esse estado de espírito?

 Às vezes sinto inveja das minhas filhas, principalmente da Sofia - a mais velha, tem cinco anos de idade - ela é simplesmente impressionante. Por mais que passemos por momentos difíceis ela está sempre com um sorriso preparado para saltar em cima da primeira pessoa que aproximar dela. Por mais que eu seja severo em alguns momentos, segundos depois lá vem ela com um enorme sorriso e um forte abraço para me confortar, é como se viesse pedir desculpas em meu lugar. É como se dissesse: "eu sei papai, você é apenas uma criança".

Num mundo de conspirações, falsidades e abismos em que vivemos. Num mundo em que as pessoas se divertem sendo egoístas, as crianças pensam apenas em serem sorrirem, pensam apenas em causar felicidade a quem estiver ao seu lado.

Certo dia, conheci uma criança adotada por uma amiga, um menino esplêndido, cheio de esperança e amor para dar. Segundo o que contou minha amiga, desde que o conheceu no abrigo se apaixonou de imediato. Como foi fantástico ver que o sofrimento causado pela morte do seu filho de sangue, foi rapidamente superado pela chegada deste pequeno que só quer passar felicidade para todos, principalmente para ela. 

A chegada de uma criança muda o relacionamento de qualquer família, nossas vidas se enchem de emoção quando estamos perto de uma. Será que o verdadeiro sentido da vida está nas crianças? Será que é possível imita-las?  Quando entenderemos o que é ser feliz? Será que é só tentarmos imitar essas pequenas criaturas de almas e corações alegres que encontraremos a felicidade?

Então, se for, é bom que comecemos a tentar mudar nossas atitudes, é bom que comecemos a tentar entender e a olhar de uma forma diferente para as crianças buscando o exemplo que elas nos passam todos os dias.

Bruno Simões