Seguidores

terça-feira, outubro 21, 2014

O Sapo que come ração de cachorro (crônica de Marcelo Guido)

1

Corria o ano de 2013, que até aquela data era mais um ano normal em minha vida. Estava eu, Marcelo Guido, lá, com meus áureos 33 anos, recém-chegado do show do The Cure (que fez a vida voltar a ter algum sentindo). Enfim tudo indo tranquilo.

Um choque, como se um ônibus de dois andares (daqueles vermelhos ingleses) tivesse batido em mim. E nesse caso não foi nada honroso. Me separei. Sim, as histórias de amor eterno, que todos pensam em ser pra sempre teve um final.

Sai naquela noite, tão sombria quanto “Love Will Tear Us Apart” do Joy Division e caminhei toda Avenida Fab (quem é daqui sabe quanto é longa), a procura de alguém para conversar e  contar meu drama familiar.

Quem poderia me salvar.  Às vezes precisamos de um tapa na cara ou um empurrão para cairmos na real e percebermos que coisas como aquilo tudo não é fim do mundo. Mas quem encararia tal missão? Talvez um amigo, um irmão, um cachorro sei lá.

Sem saber para onde ir, fui atrás de um amigo, que é meu primo, tecnicamente meu irmão. Talvez ele, por ser da mesma idade que eu e saber de tudo que se passava em meu matrimonio (não por ser confidente, por que isso é meio veadagem) mas por ser da mesma época, idade e sons, talvez ele estivesse acordado. Naquela hora.

Cheguei a sua residência, o chamei contei toda situação. Sério, eu precisava falar. Olhando-me com aquela cara, que só os mais  canalhas personagens  de Nelson Rodrigues poderiam ter, escutei de meu primo André Montalverne:

“Cara, não sei oque te dizer, mas tu já viu um sapo comendo ração de cachorro??”

Respondi:“Não!”

Eis que este individuo abre uma porta dentro de sua casa e estava lá: o famigerado anfíbio literalmente rangando a ração do cachorro (que não era Foster).

Bem nutrido e satisfeito, sinceramente esperei que aquele batráquio saísse com uma cartola e uma bengala cantado “ Hello my baby, hello my honey, hello my ragtime, summertime gal...” como aquele clássico desenho. Merda não aconteceu.

Duas coisas que aprendi nessa noite: Nada é tão bom que não possa ruir e que ninguém cria sapos melhor que André Montalverne.

Ah, e fomos ao Bar.

Marcelo Guido é pai da Lanna e gosta mais de Rock, cerveja, churrasco e cigarros do que de pessoas.

Um comentário: