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quinta-feira, agosto 08, 2013

Os caminhos são muitos, mas as verdadeiras amizades sempre dão um jeito de se encontrar (crônica da @MarileiaMaciel sobre a nossa amizade )

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Foi assim, entre trabalho, cervejas, pautas, noitadas, agenda, telefonemas, brigas, viagens, intrigas, corre-corre e todo o que compõe uma assessoria de comunicação, que quatro pessoas foram colocadas à prova, com momentos de prazer e bate-papo, mas também teste de nervos e de paciência, durante horas, entre paredes. 

Tínhamos que vencer as provas e tentar chegar ao fim do jogo, entre dois extremos, saboreando e suportando a convivência com gênios diferentes em pessoas que pareciam tão iguais. Os suspiros aconteciam nas noites de cervejas no Francês ou na Euda, onde diversas vezes passamos a limpo nossa história, pulamos as páginas sem importância, e destacamos com marca-texto os melhores lances, aqueles que ficariam para sempre. 

Foi nosso reality show, onde só os fortes sobrevivem. Nosso Reino do Cogumelo, e nós, vestidos de encanador, encarnamos o Super Mário e fomos atrás de moedas, blocos e, quando ficamos pequeninos, corremos atrás da Flor de Fogo, pra dar força e fazer crescer.

Deve estar escrito em algum lugar que a amizade verdadeiramente verdadeira nasce assim, sem a obrigação de ser 24 horas legal, de sempre estar sorrindo, e ter sempre uma frase de efeito na ponta da língua. Elas podem se formar entre as ladeiras e poças de lama das estradas, nos carros oficiais, escadas palacianas, janelas peliculadas, divisórias de gesso, velhos computadores, “cliks” e “recs”, gravadores e cadernos, cerimônias e hinos, calor e frio, sacos gelados e casaco em pleno verão equatorial. 

O que importa é que ninguém assinou documento se comprometendo em ser formal e obedecer etiqueta, de ser sempre gentil, quando a vontade era de chamar um bom palavrão, como tantas vezes nos dissemos. Na verdade, nós quatro já brigamos entre nós mesmos, a ponto de termos atitudes infantis, que hoje me fazem rir sozinha, como passar do lado sem falar, ou mandar recado por terceiros quando apenas uma mesa nos separava.

Nenhum de nós foi santo. Nem demônio. Também algum estudioso já deve ter escrito que a convivência entre pessoas que têm opinião própria, certeza do taco, e que brigam pelo que acham certo, mesmo quando estão errados, nem sempre é uma brisa. Está sujeito a temporais e trovoadas, e foi isso o que aconteceu. Pra explicar, poderíamos recorrer ao zodíaco, mas não aconselho, porque já fiz horóscopo em jornal e o destino alheio era de acordo com meu humor. Aos santos e orixás, porém estes talvez não queiram se envolver em polêmica de gente polêmica. Aos sonhos, mas não há como prever o imprevisível constante. Então, melhor não entender. Ficamos assim, sem receita, pra não ter ctr c + ctr v, porque tem coisas na vida que é melhor cada um viver pra ver e aprender, ou ver pra aprender a viver.

E foi caminhando, trabalhando, reclamando, rindo e brigando, e também chorando, que conseguimos ser responsáveis com nosso trabalho, mesmo que as noitadas acabassem com o nascer do sol e o dia fosse a base de red Bull e café; vivendo o dia-a-dia de serviço público comum em qualquer lugar; assinando em poucos minutos o ponto acumulado, reduzindo um mês em instantes, repetindo o nome 30 vezes; e arrumando as malas pra pegar estrada. Cada um cresceu mais um pouco, aprendeu, cultivou o respeito pelo trabalho do outro, e criou uma couraça protetora para suportamos as tormentas, que sempre virão. 

Seguimos outros caminhos, mesmo quem continuou no próprio ambiente onde fomos forjados e convivemos, ou em outros espaços físicos, mas com uma carrada de coragem a mais, sem medo da distância entre o novo e o que largamos pra trás, e torcendo para que cada um de nós, com nossa desobediência e rebeldia natural, tenha sempre uma cena pra descrever e registrar.

Hoje sabemos onde dói o calo de cada um, o ponto fraco e o forte. Isso é surpreendente, porque, mesmo que a cada dia a gente descubra algo novo em cada um de nós, saberemos sempre que somos humanos, mutantes e suscetíveis a erros e acertos. Mesmo que os desencontros aconteçam, nossos caminhos sempre se cruzarão e teremos motivos pra rir, histórias pra contar e um copo pra brindar, porque nossa vida só tem sentindo se as amizades feitas no batente, e que sobrevivem ao cotidiano, sejam, sempre que possível, festejadas e lembradas.

Obrigada Elton Tavares, Márcia do Carmo e Marcelo Lima, pela amizade de sempre. Falta o brinde...

Mariléia Maciel – Jornalista, assessora de comunicação, ilustre cidadã macapaense e grande amiga deste blogueiro. 

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