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terça-feira, agosto 27, 2013

Poema de agora: O reizinho gay

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O reizinho gay

Mudo, pintudão
O reizinho gay
Reinava soberano
Sobre toda nação.

Mas reinava...
APENAS....
Pela linda peroba
Que se lhe advinhava
Entre as coxas grossas.

Quando os doutos do reino
Fizeram-lhe perguntas
Como por exemplo
Se um rei pintudo
Teria o direito
De somente por isso
Ficar sempre mudo
Pela primeira vez
Mostrou-lhes a bronha
Sem cerimônia.

Foi um Oh!!! geral
E desmaios e ais
E doutos e senhoras
Despencaram nos braços
De seus aios.

E de muitos maridos
Sabichões e bispos
Escapou-se um grito.
Daí em diante
Sempre que a multidão
Se mostrava odiosa
Com a falta de palavras
Do chefe da Nação
O reizinho gay
Aparecia indômito
Na rampa ou na sacada
Com a bronha na mão.

E eram ós agudos
Dissidentes mudos
Que se ajoelhavam
Diante do mistério
Desse régio falo
Que de tão gigante
Parecia etéreo.

E foi assim que o reino
Embasbacado, mudo
Aquietou-se sonhando
Com seu rei pintudo.

Mas um dia...
Acabou-se da turba a fantasia.
O reizinho gritou
Na rampa e na sacada
Ao meio-dia:
Ando cansado
De exibir meu mastruço
Para quem nem é russo.
E quero sem demora
Um bocado negro
Para raspar meu ganso.
Quero um cu cabeludo!
E foi assim
Que o reino inteiro
Sucumbiu de susto
Diante de tal evento...

Desse reino perdido
Na memória dos tempos
Só restaram cinzas
Levadas pelo vento.

Moral da história:
a palavra é necessária
diante do absurdo.

Hilda Hilst

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