SOUL-venirs
Há vida nas coisas inanimadas
A partir do momento em que adquirem significados.
Se acaso, com carinho, são tocadas,
Ganham a bênção de trazer recados.
Há vida nas coisas inanimadas
Quando remetem a histórias, memórias e espaços.
Despertam a nostalgia de datas
E relembram antiquíssimos laços.
Há vida nas coisas inanimadas
Porque as relações assim as revigoram, inconscientes.
Alianças, retratos, cartas, camisas desbotadas:
O amor dá à luz até a objetos inocentes.
Há vida nas coisas inanimadas
Porque o homem vê nelas o reflexo de seus erros.
Cada souvenir é um ano de decisões equivocadas:
A mobília é um relicário de segredos.
Lara Utzig
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