Muito bem ovelhas negras do mal, seu pastor (risos), em sua mórbida e insana viagem pelos discos, músicas e afins, levará seu sombrio rebanho para o lado negro, verdadeiro, violento e lascivo.
Amigos, todos de pé para apresentação desse verdadeiro calhamaço de porrada. Prestem atenção e não se esqueçam disso, o disco de hoje trata-se de um marco na música brasileira, o começo da bela história nas hordas do metal, a bolacha chama-se “Beneath The Ramains” (1989) e é do Sepultura.
Terceiro álbum de estúdio dos caras, o segundo com a formação clássica (Jairo dá lugar a Andreas logo em 1986), o primeiro por uma gravadora contundente no aspecto “metaleiro”. Sim, agora os rapazes de Minas Gerais estavam prontos para conquistar o mundo.
Eles já tinham dado seu recado deveras violento em trabalhos anteriores, sim estavam na luta desde 1984, fazendo metal na terrinha e falando de capeta. Não podemos deixar de dizer que “Bestial Devastation” de 1985 (Um “Split” junto com o Overdose, outra grande banda), “Morbid Visions” de 1986, e o excelente “Schizophrenia” de 1987, não tenham seu valor, e que “ Beneath” é extremamente diferente.
Prevendo como um guru (hummmm), a tragédia macedônica que se estalaria na musica nacional no começo dos anos 90, (aqui eu falo de Sertanejo e aquela musica para adestramento “Tira o pé do chão”, “Levanta o braço”, Cheiro de mijo” conhecida como Axé Music, e claro o pagode romântico) Max Cavalera viaja para Nova York e vai falar com quem realmente entende de som pesado, de lá ele trás o “mago da porradaria extrema” Scott Bums.
Com seu currículo invejável, tendo produzido já o Obituary, Death e Morbid Angel o cara chegou para dar respaldo para oque a molecada já estava fazendo. Agora sim bem assessorados e com companhia extra ninguém seguraria mais os “Jungle Boys”. O mundo metal estava para conhecer o jeito brasileiro de tocar.
Vamos às faixas:
O disco começa todo trabalhoso com a faixa titulo “Beneath The Remains”, com uma introdução melancolicamente linda, que cai para uma verdadeira porrada de batera, e viradas espetaculares fala de guerra, devastação versos como “...eu lutarei por você e por mim, mas e daí”, nos dão conta do que vem ainda pela frente, vai para “ Inner Self”, uma das minhas preferidas, o descontentamento profundo por regras sociais que não são inventadas por nós e temos que seguir, chega em “Stronger Than Hate”, sensacional, profundamente sarcástica fala dos erros interiores que toda pessoa tem.
Indo ate “Mass Hypnosis”, a vida programada que te fazem acreditar que você tem. Obedeça ate o fim e marche como um soldado programado é isso que eles querem, “Sarcastic Existence”, seu mundo interior destruído, sua mente corrompida e destruída sua existência pueril e inútil, “Slaves Of Pain”, todos nós somos escravos da dor, mas não se pode ficar preso a os erros, a liberdade é um sonho mais é real. Pense nisso, chegando em “Lobotomy”, sua luta diária contra o sistema, como se pode ter um mundo programado pra sobrevivência do mais forte, somos animais, “Hungry”, verdadeiramente desse o nascimento você procura dinheiro e poder, e não vai medir escrúpulos para conseguir seu objetivo, Fechando em “Primitive Future”, o que esperar, se não batalharmos por mudanças.
Extremamente “fodastico” e pessoal, se antes o legal era falar de diabo e mulheres, esse disco vem falar de dia-dia, de interior, do inferno que cada um de nós carrega dentro de si. É bom falar que nesse álbum, a evolução musical da banda é latente, musicalmente falando os caras estão afinados, e com tudo em cima, letras mais profundas com a temática muito mais inteligente.
Uma edição de 1997 trás ainda três faixas bônus, um cover fantástico dos Mutantes “A hora e a vez do cabelo nascer” é o destaque dessa edição.
Um disco como esse realístico, que coloca o Brasil no “mapa mundi” do Metal, não pode deixar de receber a menção honrosa de Clássico, ou melhor, de FODA. É esse é um disco Foda.
Uma verdadeira viaje ao inferno, onde o pobre diabo e você , onde suas culpas são cobradas e seu pensamento é o melhor guia. Yes, nós temos Metal!
Marcelo Guido é Punk, pai, marido, jornalista e professor “...Eu não gosto de ninguém”
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